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by Brunelson

Smashing Pumpkins: resenha do álbum "Shiny and Oh So Bright, Vol. 1 / No Past, No Future, No Su


Smashing Pumpkins

O novo álbum de uma das bandas mais reverenciadas na história do rock alternativo e quiçá, o mais aguardado de sua discografia neste século atual, "Shiny and Oh So Bright, Vol. 1 / No Past, No Future, No Sun" (9º disco, 2018), reúne Billy Corgan (vocalista/guitarrista), James Iha (guitarrista) e Jimmy Chamberlin (baterista), pela 1ª vez juntos, desde o disco "Machina The Machines of God" (5º álbum, 2000).


O álbum de reunião com os membros originais desde 2000 separados (somente a baixista D'arcy não está fazendo parte), arrisco em dizer que é um marco na carreira do SMASHING PUMPKINS, tanto pela sonoridade, quanto ao fato de marcar o retorno de James Iha e Jimmy Chamberlin juntos no estúdio, ao lado de Billy Corgan.


Ou seja, 3/4 da banda reunidos.


Talvez, em sua totalidade, o disco "Shiny and Oh So Bright, Vol. 1" não seja a esperada tempestade de riffs e peso, mas todas as 08 canções que comportam este álbum são cativantes. Há momentos de gloriosa distorção ardente em músicas como "Solara" (single do disco) e "Marchin’ On", mas as reais riquezas são muito mais sutis.


Lá em 1991, eu li em alguma revista que dizia: “Brian May dos anos 90 (guitarrista do QUEEN) está aqui e ele vai balançar você”, em referência a Billy Corgan no início de carreira com o SMASHING PUMPKINS, quando o 1º álbum do grupo, "Gish" (1991), havia sido lançado.


Eu gostaria de poder lembrar onde foi que eu li isso para dar o devido crédito...


De qualquer forma, embora não seja mais a década de 90 e Corgan esteja agora em outro estágio de sua carreira, essa afirmação é tão verdadeira agora quanto era naquela época. Ele ainda está aqui para nos agitar e o faz com um novo vigor neste álbum de reunião.


Como Brian May foi mais tarde em sua carreira, Corgan também não está interessado em demonstrar mais as suas habilidades de deus da guitarra. Ele já estabeleceu isso em todos os álbuns anteriores do SMASHING PUMPKINS e além disso, Corgan lembrou a todos o quão prolífico guitarrista ele é com a turnê de reunião da sua banda.


Isso não quer dizer que ele, junto com James Iha e Jeff Schroeder (fiel escudeiro de Corgan, guitarrista na banda desde o retorno do grupo em 2007), não teçam alguns riffs e arranjos de guitarra intrincados neste novo álbum. Estou querendo dizer que esses riffs e arranjos compõem os fundamentos das estruturas da música, em vez de servirem como decoração.


Isso pode ser considerado uma declaração duvidosa depois de ouvir o 1º single do disco, "Solara". Não é nada além de uma grande e sincera música rock com guitarras na veia, lembrando todos os outros discos do SMASHING PUMPKINS.


Depois do grupo apresentar os singles do novo álbum, que foram as canções “Solara”, “Silvery Sometimes” e “Knights of Malta”, somente 05 músicas ainda não tinham sido "divulgadas" quando o disco chegou na minha casa e o coloquei para tocar na íntegra - para que a minha vontade fosse saciada em escuta-las pela 1ª vez na vida e completasse este pequeno álbum que abrange 31 minutos em sua totalidade.


Abrindo o disco com uma das canções que foi o single do mesmo, "Knights of Malta" (muita coragem, na falta de uma palavra melhor, em abrir um disco de reunião com esta música, ainda mais com os membros originais depois de 18 anos), Corgan canta sobre um conjunto de cordas triunfantes: "Temos que fazer isso acontecer". Oficialmente, dando início ao novo álbum do SMASHING PUMPKINS.


"Knights of Malta" é uma música que ostenta um som cativante, quase dos BEATLES, bem como alguns solos interessantes de guitarra parecendo soar em reprodução reversa. O seu refrão ascendente e de apoio com vozes femininas, são adições inteligentes que camuflam muito bem os riffs.


As canções “Knights of Malta” e “With Sympathy”, são composições sólidas que muitas outras bandas atuais gostariam de ser capazes de produzir. As 02 músicas são ótimas contribuições sonoras aos nossos ouvidos e paz mental, sendo que a principal força de ambas é o relaxamento que lhe oferece - em contraste com as canções mais pesadas do disco.


A canção “With Sympathy” realmente lembra as músicas lentinhas do 5º disco (2000) ou poderia ser lançada como lado-b em algum single do mesmo - e é um primor de audição. James Iha oferece os backing vocals nesta música e que também foi co-escrita por Jimmy Chamberlin.


"With Sympathy" é uma canção sólida junto com a outra música que foi um dos singles do disco, "Silvery Sometimes".


As canções "Travels" (poderosamente introspectiva e edificante) e a guitarra dirigida em “Silvery Sometimes” (lembrando o mega hit dos anos 90, “1979”, lançada no 3º disco, "Mellon Collie and The Infinite Sadness", 1995), são simplistas em comparação com as trabalhadas músicas do passado e grandiosos solos em canções como “Soma”, por exemplo (lançada no 2º disco, "Siamese Dream", 1993).


A canção “Travels” é um rock de meio-tempo que poderia se encaixar no álbum mais progressivo da discografia do SMASHING PUMPKINS, "Oceania" (7º disco, 2012).


As músicas anteriores da banda e que a consagrou como um dos ícones na história do rock, criaram uma parede de ruído atmosférico de guitarras que se baseava em grandiosos riffs - o que não é a inspiração aqui neste novo álbum e que não deixa de ser um belo disco.


É ótimo ouvir Corgan explorando atualmente esse tipo de música, mas não me entendam mal, de qualquer forma, as canções "Travels" e "Silvery Sometimes" não são versões de clássicos dos anos 90 da banda. São músicas que se baseiam no estilo e no som dos anos 90 - em vez de imitá-lo - para atrair, no mínimo, o seu movimento airplay.


Estas 02 músicas empurram o som familiar do SMASHING PUMPKINS para um novo território que soa fresco. A canção “Solara” pode ser uma ótima quebraceira - e com razão - mas na música "Travels", como o próprio nome sugere, leva você a um lugar novo.


Parte do apelo de Corgan como compositor é a sua capacidade em criar uma música que dure 05, 06 minutos ou mais, mas nunca transparecendo uma canção sem fôlego ou arrogante.


Bem, olhando para toda a carreira da banda, pelo menos isso é verdade na maioria das vezes...


A canção "Alienation" é a música mais longa e a saga triunfante desse álbum. Em 05 minutos, ela é a canção “Porcelina of The Vast Oceans” deste novo disco (lançada no 3º álbum). A sua estrutura é mais uma reminiscência familiar de uma música conceitual, embora represente uma trilha sonora completamente diferente das obras conceituais passadas de Corgan. Abrindo com uma assinatura ao piano de Corgan e construindo um ritmo constante que cresce para apoiar um pouco as guitarras inspiradas e rítmicas, a canção “Alienation” forma o coração sólido deste álbum.


É incrível que até agora em sua carreira, Corgan ainda possa criar uma música que seja instantaneamente reconhecível como uma canção do SMASHING PUMPKINS, repleta de solos de guitarra, seções suaves de piano e letras poderosas - e ainda não soar como se repetisse explicitamente ele mesmo. É mais uma prova da sua grande capacidade de compositor.


Assim como a música "Knights of Malta" que abre o álbum, "Alienation" também é uma canção épica que só confirma a capacidade de Corgan em ser um dos maiores compositores de sua geração, mostrando a sua já consagrada musicalidade e ambivalência em criar músicas díspares em toda sua discografia e em relação aos seus contemporâneos. As cordas fazem presentes aqui nesta canção, assim como em quase todo o álbum.


A música "Marchin' On" está cheia de rock na veia, sendo mais rápida e punk do que a canção "Solara".


Para os fãs que procuram uma música que recapture o som pesado do SMASHING PUMPKINS dos anos 90, "Marchin' On" apresenta um vocal similar e riffs de guitarra que lembram o clássico 3º disco de 1995. Obviamente, a angústia de canções lançadas neste 3º disco - como "Jellybelly", por exemplo - não está mais aqui, mas a música "Marchin' On" pode ser o mais próximo que Billy Corgan tentou recapturar.


"Seek and You Shall Destroy" é outra música quebraceira, mas que se move num ritmo totalmente diferente e, ao contrário de muitas das músicas deste disco, vive e morre pelo seu riff de assinatura grosso e repetido. Talvez seja a música mais sem inspiração do álbum mesmo com um riff de assinatura de Corgan, então, ainda é tudo o que você quer ouvir nesse tipo de música do SMASHING PUMPKINS.


Esta canção que finaliza o novo disco é outro rock pesado e que lembra o FOO FIGHTERS, embora não tão frenética quanto a música "Marchin' On" - aliás, de 08 canções que este álbum nos apresenta, junto com "Solara", somente estas 03 músicas são as canções quebraceiras no disco.


Com um álbum super produzido, as guitarras não são o foco aqui - o que não é novidade, devido as entrevistas que Corgan havia concedido antes do lançamento do disco - sendo que a ênfase é sobre as composições e instrumentação, além do que a banda poderia apresentar ao vivo.


Os vocais de Corgan estão bem na frente das músicas, mas todos nós sabíamos que esse seria o caso do renomado produtor Rick Rubin - que aliás, o dedo de Rubin está presente em todo o disco.


O álbum é ambicioso e bem realizado, bem a cara de Corgan.


Um disco que recebe o nome de "Shiny and Oh So Bright", é exatamente isso que o álbum reflete: reluzente e muito brilhante em sua audição e disposição sonora. Ele soa super produzido, sim, mas não é nenhuma surpresa se comparado com os discos lançados pela formação original - vide principalmente o 3º álbum de 1995 e o 5º álbum de 2000. A dinâmica emocional não é uma montanha-russa como nos clássicos 2º e 3º discos da banda.


Se você pudesse colocar a sensação em ouvir os recentes shows de reunião da banda em um álbum de estúdio, ele soaria assim.


Para os fãs que querem ver onde Corgan, Iha e Chamberlin, poderiam continuar de onde gravaram juntos pela última vez há 18 anos atrás, esta é uma progressão natural do álbum "Machina The Machines of God".


Escutando o disco, você fica com a sensação de que este é o álbum que Billy Corgan esteve esperando para fazer no passado, impedido de realiza-lo em quase 02 décadas ao lidar com uma porta giratória de substitutos que passaram pelo grupo.


A volta do guitarrista James Iha ao rebanho é um retorno tão maravilhoso que você nem poderia imaginar em seus melhores sonhos. A sua guitarra é tão importante para o som geral do SMASHING PUMPKINS quanto a de Billy Corgan, e com os 02 novamente unidos, o álbum/grupo fica muito melhor (não desmerecendo) do que vinha sendo apresentado desde o último disco lançado com a formação original lá em 2000.


Aqui, esperamos que o disco "Shiny and Oh So Bright, Vol. 1" seja o recomeço da 2ª vinda do clássico SMASHING PUMPKINS.


A revista Q deu ao álbum uma avaliação de 04 estrelas (num total de 05), com as canções “Silvery Sometimes”, “Travels” e “Knights of Malta”, sendo listadas como músicas de destaque do disco. Isso deve ter agradado Billy Corgan, que reclamou do último álbum do SMASHING PUMPKINS, "Monuments to an Elegy" (8º disco, 2014), por ter recebido muitas críticas da mesma revista e de ter ganhado 03 estrelas (este álbum de 2014 é o mais minimalista de sua discografia, mas é ótimo de se ouvir).


Em entrevista para o jornal britânico The Guardian no ano de 2014, Corgan falou: "A piada para mim é que estou fodidamente do lado de fora há 25 anos, mas o ponto principal é: em que momento eu pedi para entrar?”


Nesse ponto, você pode estar pensando que o disco "Shiny and Oh So Bright, Vol. 1" está no mesmo nível dos clássicos álbuns da banda dos anos 90... Não, não está, mas remonta às brilhantes diversidades do 3º disco da banda, "Mellon Collie and The Infinite Sadness" (1995), através da inclusão de uma musicalidade que consegue criar sons dinâmicos e emoções que este 3º disco realizou, sem recorrer a mesmice - nenhum álbum do SMASHING PUMPKINS cai neste quesito, nem mesmo os lançados neste século atual e que não contavam com a formação original.


O produtor Rick Rubin traz os talentos e estilos únicos de Billy Corgan, Jeff Schroeder, James Iha e de Jimmy Chamberlin, misturando-os de tal forma a criar um amplo som que utiliza o básico de bateria, baixo e guitarra (com um pequeno piano, backing vocals e a ênfase de cordas misturadas aqui e ali).


"Shiny and Oh So Bright, Vol. 1" é um álbum de grandes canções que igualam um retorno triunfante para uma das bandas mais prolíficas de sua época, onde, se existe realmente algum passo em falso em sua totalidade, é passível de ser perdoado.


Billy Corgan, James Iha, Jimmy Chamberlin e Jeff Schroeder (além do baixista que acompanha o grupo desde 2015, Jack Bates, mas que não participou da gravação deste álbum), provam que a sua reunião é mais do que uma tentativa artificial de ganhar dinheiro - é o verdadeiro retorno da formação original que marcou época nos anos 90.


É um evento quase miraculoso em si mesmo - estudando friamente a história do grupo com as suas perdas, lutos, brigas, hiato e o auge da celebração. Este álbum traz o SMASHING PUMPKINS como um ato e uma entidade de gravação relevante para os fãs e principalmente, para os seus membros fundadores e atuais.


Um marco que nunca pensei que eles alcançariam novamente...


Track-list:


1. Knights of Malta

2. Silvery Sometimes

3. Travels

4. Solara

5. Alienation

6. Marchin' On

7. With Sympathy

8. Seek and You Shall Destroy

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