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  • by Brunelson

Smashing Pumpkins: Billy Corgan é um dos maiores compositores dos anos 90?


Smashing Pumpkins

O frontman do SMASHING PUMPKINS, Billy Corgan, é sem dúvida um dos maiores compositores do rock nos últimos 30 anos, ponto final!


A cada década aparece uma enorme quantidade de artistas que podem se nomear a voz de uma geração. Escolha qualquer década desde os anos 50 e você pode correr atrás de um desafio musical para afirmar esse rótulo.


O maior aspecto - do qual há muitos - sobre a música, é a natureza subjetiva na qual uma canção em particular pode falar para uma centena de pessoas diferentes, assim como significar uma centena de coisas diferentes para cada ouvinte. No entanto, a chave para isso é a capacidade de criar músicas maravilhosamente honestas - se não for escrita diretamente a você - que não apenas se mantêm por conta própria, mas em 1º lugar mostrando um pedaço do artista que a criou e que carimba tal canção.


E sinceramente, quando chegamos aos anos 90, a lista dos maiores compositores pode ser infinita, mas um compositor com certeza está incluído neste seleto grupo: Billy Corgan.


E aqui está o porquê.


SMASHING PUMPKINS se reuniu recentemente com os membros originais (claro, somente a baixista D'arcy não fai fazer parte da reunião) e estão prestes a embarcar em uma mega turnê de 03 meses pelos EUA, sem descanso entre as datas e percorrendo as principais arenas americanas. A banda vai se concentrar em material da sua era clássica durante todos os anos 90.


E que época clássica foi essa, hein? Quem viveu aquela época, sabe do que eu estou falando...


Ao longo dessa belíssima década que nos abasteceu massivamente com o grunge e o rock alternativo, Billy Corgan com o SMASHING PUMPKINS produziram 05 álbuns de grande sucesso (tudo bem, o 5º disco foi lançado em 2000).


Os números falam por si: o 1º álbum de estúdio lançado em 1991, "Gish", alcançou o disco de Platina; o clássico 2º álbum lançado em 1993, "Siamese Dream", alcançou 04 discos de Platina; o álbum duplo lançado em 1995 e 3º disco, "Mellon Collie and The Infinite Sadness", alcançou o disco Diamante e é o álbum duplo mais vendido na história do rock, ganhando o Grammy e inúmeros outros prêmios; o 4º álbum lançado em 1998, "Adore", também foi indicado ao Grammy e alcançou o disco de Platina; e o 5º álbum lançado em 2000, "Machina The Machines of God", o último gravado pela formação original, ficou em 2º lugar na Austrália e Canadá, 3º nos EUA, 4º na Alemanha e Nova Zelândia e 7º no Reino Unido.


Resumindo, 20 milhões de álbuns vendidos em 01 década... Não é pouca coisa.


Mas como qualquer banda de sucesso, tudo se resume às músicas e Billy Corgan possui uma habilidade quase sobrenatural em criar canções - várias perfeitas, diga-se de passagem. Músicas muito bem lapidadas do rock alternativo que se emparelham ou até sustentam o melhor trabalho na maioria dos outros gêneros.


O que empurra Corgan para outro reino é um compositor que define como a sua destreza estava no caminho certo. A partir de suas bandas favoritas e influências dos anos 70, Corgan trouxe uma sensação épica para as canções de rock. No álbum de estréia da banda, "Gish" (1991), Corgan compôs 01 música em particular que serviu como uma declaração do seu percurso: "Rhinoceros". Esta canção tece guitarras nítidas e sonhadoras, com uma parte rítmica que mantêm o seu impacto e sem exagerar do seu verdadeiro poder.


Ao combinar acordes de oitava e alguns efeitos de guitarra no refrão, Corgan cria uma atmosfera exuberante na música "Rhinoceros" que ajuda você a entender exatamente qual seria a sensação em ficar deitado numa nuvem, mas a genialidade disso tudo é quando a canção levanta as guitarras - apresentada inicialmente de forma discreta - enquanto a seção rítmica punitiva da música faz levantar vôo. A canção é construída como uma experiência a mais do que a música representa em si e nem estou me referindo das letras nesse caso. O arranjo e a instrumentação dessa canção fazem toda a conversa e mais, toca você em níveis emocionais normalmente não descobertos pelo rock alternativo. Um clássico desde o seu lançamento.


Confira o vídeo clipe da canção "Rhinoceros":

O álbum "Gish" estabeleceu uma fundação na história da banda, que age mais como o porão de uma casa. Sobre essa base forte veio o clássico 2º disco, "Siamese Dream" (1993). Se não fosse pela grandiosidade do seu sucessor, o álbum "Siamese Dream" seria a obra-prima da banda. A leve introdução da bateria na música que abre esse disco, "Cherub Rock”, marcam o ritmo e se agarram a você levando a um dos maiores intros de não apenas da música rock, mas qualquer música.


Mais uma vez, Corgan bate os acordes de oitava - uma marca registrada de sua guitarra - e leva você para um passeio. Com o baixo de perfuração como pano de fundo batendo junto com a bateria, você mal consegue ficar quieto com a felicidade da guitarra que logo se ergue. A canção "Cherub Rock" é uma das marcas dessa época e não só possui um dos melhores solos de guitarra por Corgan, mas a música balança com tanta intensidade e mordida que um verdadeiro giro de força se desenrola diante de você.


Confira o vídeo clipe da música "Cherub Rock":

A clássica canção "Today", também lançada no álbum "Siamese Dream", serve como um olhar fenomenalmente honesto para a mente de Corgan. As letras autobiográficas e o arranjo melancólico, carregam consigo um desejo tão íntimo que você sente a música mais do que você a ouve. Grandes canções geralmente têm premissas básicas instantaneamente relacionáveis e a música "Today" não é exceção.


Outra clássica canção dentre várias que esse disco nos apresenta, "Disarm" mostra o alcance de Corgan. Uma virada sônica à esquerda, com o seu arranjo acústico e uso de cordas, essa linda e arrebatadora música nos mostrou na época que os recursos de Corgan não tinham limites.


Por mais poderoso compositor que ele havia provado a si mesmo até esse ponto, Corgan era igualmente prolífico. O argumento aqui é sobre Corgan ter sido um dos maiores compositores dos anos 90, então, é apropriado que este gênio/louco musicista também seja responsável por ter lançado um dos melhores álbuns da década de 90.


Com o 3º disco da banda, Corgan eliminou todas as paradas. Um insano álbum duplo com 28 músicas e com 03 singles que rivalizariam com qualquer outro clássico da época, o disco "Mellon Collie and The Infinite Sadness" (1995) também tornou-se sinônimo dessa era da música, assim como os álbuns dos BEATLES representaram nos anos 60 e do LED ZEPPELIN nos anos 70.


Corgan não havia abandonado completamente a sua influência exposta nos 02 primeiros discos. Em vez disso, ele moldou o que já tinha com as influências do rock clássico dos seus patriarcas. Músicas como "1979" e "Tonight, Tonight" ficam ainda mais fora da sua zona de conforto do que a canção "Disarm", lançada no disco anterior. Com essa expansão esperada do seu ofício, Corgan continuou a construir merecidamente a sua reputação.


Este 3º álbum também manteve o balanço duro do seu rock alternativo, sendo que a música "Zero" provou ser um enorme sucesso que inspirou uma geração de roqueiros e honestamente, um dos designs de camisas mais simbólicos da nossa geração.


O que mais chama a atenção nessa época das composições de Corgan, é o risco que ele próprio impôs. Muitas bandas tentam evoluir e na maioria das vezes, essas bandas encontram resultados variados. Não estou desmerecendo e nem criticando nenhuma delas, só mostrando os caminhos variados que elas seguiram, vide METALLICA, AEROSMITH e WEEZER - só para citar algumas.


Fãs e críticos nem sempre consideram a mudança como positiva e muitas vezes, uma banda - ou mais especificamente, um compositor - escolhe mudar isso por razões triviais, como por exemplo, ter ficado entediado com o seu som ou pior, tentar provar que as pessoas estão erradas.


Corgan não.


A canção "1979" parecia uma evolução natural das coisas, apresentando mais 01 vez as suas honestas letras. A vulnerabilidade previamente estabelecida permitiu uma transição fácil, onde não só a mudança de ritmo foi bem vinda, mas comemorada.


Segue o vídeo clipe da música "1979":

Em 1998, Corgan manteve a mudança de vagões do seu trem com o 4º álbum da banda, "Adore". Diga o que quiser sobre esse disco, mas é sem dúvida a jóia subestimada da discografia da banda dos anos 90. Apesar das turbulências internas, uma tragédia na banda (falecimento do tecladista de turnê por overdose de heroína em 1996) e ocasionando na demissão do baterista membro fundador, Jimmy Chamberlin (sempre com problemas de drogas e que dividia o mesmo quarto de hotel nas turnês com o falecido tecladista), Corgan continuou a sua natural evolução sem nenhum esforço.


Um álbum tingido e com acenos ao rock industrial, o disco "Adore" jogou a cautela ao vento e sentou-se com uma verdadeira expressão dos artistas que o fizeram - carimbando um determinado momento das suas vidas. Quando você olha para trás na história de Corgan e da banda, este é o álbum que as pessoas olham de volta com novos olhos e se apaixonam. Todo o crédito no mundo é devido a Corgan pelo seu ataque destemido e determinação em evitar a complacência.


Com o estilo vocal único e não tradicional de Corgan, ele certamente subiu mais uma vez em sua habilidade de criar melodias fortes nesse 4º disco... Melhor ainda, ele demonstrou uma habilidade inata de escrever letras que se encaixam no inconsciente do ouvinte.


Confira o vídeo clipe da música "Perfect", lançada nesse 4º álbum:

O baterista Jimmy Chamberlin havia retornado (sóbrio) ao SMASHING PUMPKINS em 1999, mas a banda infelizmente iria acabar em 2000 - em meio a conflitos internos, depois de uma turnê completa para o seu subestimado 5º disco lançado no mesmo ano, "Machina The Machines of God". D’arcy ainda estava na banda e gravou o baixo nesse álbum, mas por estar envolvida nas drogas com crack e cocaína, ela também havia sido demitida do grupo. Com a ex-baixista do HOLE como substituta, o SMASHING PUMPKINS deu início a sua turnê de despedida realizando o seu último show (até então) no Metro Cabaret, em Chicago - onde havia sido efetivamente o 1º show da banda em 1988.


Este álbum marca a volta do SMASHING PUMPKINS à sonoridade rockzera das suas músicas, mas com os respingos do seu disco antecessor que Corgan faz questão de demonstrar em todos os discos lançados desde então, provando ainda mais a sua musicalidade e leques de opção - e não se importando em não querer pegar o caminho mais fácil dos seus primários álbuns, somente para traçar um caminho conhecido e satisfazer os críticos...


Mais uma vez, a expressão sincera da sua arte é o que importa para Corgan.


Confira o vídeo clipe da canção "Try, Try, Try", lançada nesse 5º disco e que havia sido censurado pela MTV na época:

Só para conhecimento geral, a banda retornou do seu hiato em 2007 com somente Billy e Jimmy como membros originais. Desde então, o grupo já lançou 03 álbuns sendo que em 2009, Jimmy pediu para sair amigavelmente da banda no término da turnê do álbum "Zeitgeist" (6º disco, 2007). Em 2015, ele retornou ao SMASHING PUMPKINS.


Estes 03 discos são muito bons, onde a ousadia de Corgan desencadeou no álbum mais pesado ("Zeitgeist"), no mais progressivo ("Oceania", 7º disco, 2012) e no mais minimalista ("Monuments to an Elegy", 8º disco, 2014) de toda a discografia da banda, se tornando singulares assim como todos os outros também foram.


Com o estado atual do rock em comparação ao auge da banda, o SMASHING PUMPKINS tocou um acorde que ressoou muito além do que temos observado nessas 02 décadas, o qual bateu asa e alcançou altos vôos, mesmo depois da explosão do grunge na 1ª metade dos anos 90.


As suas músicas resistiram ao teste do tempo e continuarão a longo prazo, se tornando num verdadeiro testamento para uma capacidade inigualável. Mesmo quando comparado com os seus contemporâneos mais famosos, há algo sobre a abordagem sincera de Corgan que é tão respeitável e tão pura, que quando você olha para ela, não pode deixar de vê-la tão brilhante e formosa.


Eu desafio qualquer um de vocês chegar até alguém e dizer: "Apesar de toda a minha raiva / Eu ainda sou apenas um rato numa gaiola" (trecho da clássica música "Bullet With Butterlfy Wings", lançada no 3º disco).


Isso é poder, cara, um presente inato que muitos compositores dariam literalmente a mão à palmatória para escrever uma letra que carregasse tanta vida. Porém, a coisa com Billy Corgan ele nem precisa se esforçar, porque assim como os grandes compositores John Lennon (BEATLES), Mick Jagger (ROLLING STONES) e Geddy Lee (RUSH), Corgan conseguiu assumir o seu verdadeiro ego se despindo das suas couraças psicológicas e penetrando no inconsciente social, confessando a nossa submissão ao super ego e pregando palavras por toda uma geração.


Confira o vídeo clipe da canção "Bullet With Butterfly Wings":

Para os interessados, o site Rock in The Head havia publicado 02 matérias em sintonia com essa reportagem que você acabou de ler. Para conferir, é só clicar nos links abaixo;



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