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  • by Brunelson

Smashing Pumpkins: em aniversário, por que Billy Corgan é um dos ícones do rock alternativo?


Billy Corgan

"Sem dúvida, a inscrição na lápide de Billy Corgan será lida: ‘Em meio à grande arquitetura sônica que ele ousou balançar’”.


Rip Magazine, 1996



Onde começar a escrever uma introdução a William Patrick Corgan Jr.? Ele é mais conhecido como Billy Corgan, membro fundador e vocalista/guitarrista do SMASHING PUMPKINS. Um ex-funcionário de uma loja de discos, poeta nos tempos livres, o queridinho de sua cidade natal (Chicago), pai e na última década, uma figura dentro do mundo da luta-livre para TV em sua breve passagem na presidência da TNA Impact Wrestling, Billy comemorou o seu 50º aniversário em 17 de Março/2017.


Corgan é o principal compositor do SMASHING PUMPKINS e a sua banda criou alguns dos mais aclamados álbuns da história do rock’n roll, tendo vendido até o ano de 2015 mais de 30 milhões de discos em todo o mundo, além de terem ganhado vários prêmios Grammy neste processo. Muitas canções da banda definiram a era da música alternativa e grunge que reinava no planeta a partir do começo dos anos 90 - e que continua a ressoar nas rádios de todo o mundo, além de apresentações televisivas e influenciando até os dias de hoje toda uma velha e nova geração de bandas.


Faltaria espaço para dissecar cirurgicamente todo o seu mapa musical, mas os temas de álbuns como o de “Pisces Iscariot” (disco só de lados-b e sobras de estúdio, 1994), que trata de profundas imaginações cósmicas, indecisões e intuições afiadas e sensíveis, se unem para formar a ambição emotivamente carregada e que alimentou a vida e o trabalho de Corgan. Um homem de mil projetos com um catálogo eclético, Corgan fez as suas rodadas e ganhou o seu sustento como um dos personagens mais icônicos da história do rock alternativo.


Confira a música "Obscured", do álbum de raridades "Pisces Iscariot" (que simplesmente ganhou disco de platina e ficou em 4º no ranking da Billboard):


O SMASHING PUMPKINS surgiu de uma Chicago no final dos anos 80. James Iha (guitarrista) conheceu um jovem Billy Corgan por volta de 1988, e a partir daí, a dupla começou a escrever um corpo de trabalho que se assemelha a algumas das fases alternativas proeminentes da música nos anos 80. D'arcy Wretzky (baixista) conheceu Corgan num clube noturno em Chicago e se juntou à banda. Inicialmente, uma bateria eletrônica foi adicionada, mas felizmente e rapidamente foi substituída por Jimmy Chamberlin, um experiente baterista de jazz.


Esta linha clássica, liderada em grande parte pela vigorosa arte de composição por Corgan, ajudou a impulsionar o rock alternativo nos anos 90. Ainda assim, James Iha possui numerosas composições ("Blew Away", "Why Am I So Tired?", "Take Me Down") e créditos por solos de guitarra durante a sua passagem pela banda. A bateria e a sensibilidade rítmica de Chamberlin também é uma parte fundamental no som do grupo.


Todos os 04 primeiros álbuns de estúdio da carreira do SMASHING PUMPKINS lançados na década de 90 – “Gish” (1991), “Siamese Dream” (1993), “Mellon Collie and The Infinite Sadness” (1995) e “Adore” (1998) - alcançaram pelo menos o status de disco de platina. A banda foi inicialmente notada por críticos musicais que representavam a cena grunge de Seattle. Na verdade, a gravadora independente de Seattle, Sub Pop, tentou cortejar o SMASHING PUMPKINS e até mesmo lançar o seu 1º single, "Tristessa" (1990).


"Tivemos a chance de trabalharmos com a Sub Pop, mas nós simplesmente não sentimos que era a vibração certa. Eu não acho que eles estavam realmente interessados em nós como uma banda promissora. Eles apenas nos viram como um grupo que poderia vender alguns discos, mas não que iriam nos amar como eles adoravam o MUDHONEY ou algo assim", lembrou Corgan em uma entrevista no ano de 1991. E foi nesse mesmo ano que o 1º álbum de estúdio foi lançado, “Gish”, apelidado por Corgan por ser um álbum "espiritual" - supostamente um sônico rock psicodélico que há muito tempo tinha saído de estilo, com timbres de sonhos lisérgicos que faz o disco soar incontestavelmente etéreo. O que poucas pessoas sabem, é que durante os anos de 1991 a 1994, “Gish” detinha o título de álbum independente mais vendido no mundo durante a sua 1ª prensagem – além de ter sido produzido por Butch Vig, que meses depois iria produzir o clássico álbum do NIRVANA, “Nevermind”.


A sua estreia influente ao lado do cenário grunge de Seattle levou esse álbum ao 6º lugar no ranking da Billboard - gerando 01 disco de Platina e 01 disco de Prata.


Confira a canção que abre o disco "Gish", "I am One":




Após a fase de “Gish”, Corgan sofreu notoriamente de uma depressão e de um bloqueio de composição, mas o 2º disco, “Siamese Dream” (1993), entrou direto e reto para o alto escalão do rock alternativo, com singles clássicos como: "Today", "Cherub Rock", "Disarm", e "Rocket". Novamente com Butch Vig na cadeira de produtor, eles trabalharam extensivamente no álbum do inverno/1992 (final do ano) à primavera/1993 (1º semestre). A turnê exaustiva do SMASHING PUMPKINS em apoio ao disco atingiu o ponto máximo no Lollapalooza Festival/1994 - depois que o NIRVANA tinha saído da programação, quando Kurt Cobain foi declarado desaparecido e em seguida, posteriormente morto 02 dias depois.


Este álbum simplesmente foi considerado pela revista Rolling Stone como um dos melhores álbuns de rock dos anos 90, além de figurar na posição nº 362 em um total de 500 álbuns dentre os melhores de toda a história do rock’n roll. Apesar de figurar “somente” na posição nº 10 no ranking da Billboard e em 4º lugar no Reino Unido, esse disco ganhou 04 discos de Platina no Canadá, 04 discos de Platina nos EUA e 01 disco de Ouro, além de ser considerado pela crítica e pelos fãs como o melhor álbum da banda até hoje e de ter sido indicado ao Grammy como melhor álbum de rock.


Confira a clássica canção "Today", do álbum "Siamese Dream":


Mas com o mega (duplo) 3º álbum de estúdio lançado, “Mellon Collie and The Infinite Sadness” (1995), veio o maior sucesso que a banda já teve até hoje. Singles bombásticos como, "Zero", "Bullet With Butterfly Wings", "Tonight Tonight", "Thirty Three" e "1979", se tornaram verdadeiros hits – onde “1979” também emplacou surpreendentemente bem nas paradas pop. O vídeo clipe da música "Tonight Tonight" ganhou 06 prêmios da MTV Video Music Awards/1996, e é elogiado até hoje como um dos vídeos mais icônicos da música moderna.


Foi o álbum duplo mais vendido em toda a história do rock’n roll, ganhador de simplesmente 07 Grammys (inclusive o de melhor álbum de rock), além de angariar zilhões de discos de Platina, Diamante e de Ouro que a banda ganhou em todo o planeta. Este disco estreou em 1º lugar no ranking da Billboard, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Suécia, além de um 2º lugar na Bélgica e um 4º lugar no Reino Unido.


Segue outra clássica canção, agora do álbum “Mellon Collie and The Infinite Sadness”, "1979":



Nessa época, Corgan ganhou uma audiência como muitos dos seus heróis artísticos. Durante o prêmio do Rock’n Roll Hall of Fame/1996, ele introduziu o PINK FLOYD e tocou guitarra na clássica canção, "Wish You Were Here", durante o desempenho subsequente da banda homenageada. A sua amizade com DAVID BOWIE lhe valeu um lugar cobiçado na festa de 50 anos de Bowie no Madison Square Garden, New York, tocando as músicas, "All The Young Dudes" e "The Jean Genie", com Bowie no palco. Mike Garson, o pianista mais notável de DAVID BOWIE, acabaria acompanhando o SMASHING PUMPKINS durante as turnês nos anos 90. Billy Corgan também gravou uma música para o 1º álbum solo de Tony Iommi (guitarrista do BLACK SABBATH), e aparentemente, escreveu mais músicas com ele. As suas colaborações, recursos e créditos de composição se espalham em muitos artistas e bandas pelos estúdios por onde passou, como o HOLE, CHEAP TRICK e muito mais... Em alguma hora, para fãs ou não, sempre chega aquele momento de validação em que se perguntam: O que Billy Corgan realizou? Resposta concedida.


No final de 1996 e no auge do sucesso artístico, o baterista Jimmy Chamberlin foi demitido devido ao uso de heroína e à luz da overdose fatal do tecladista de turnê do 3º disco, Jonathan Melvoin, que estava usando heroína junto com Chamberlin num quarto de hotel em New York, antes de um show da banda no Madison Square Garden. Com um membro original da banda agora fora do grupo, o SMASHING PUMPKINS contou com bateristas substitutos nos anos seguintes - mas o seu som mudou drasticamente. Corgan reinventou não só ele mesmo, mas a sua arte. No 4º disco, “Adore” (1998), que também sendo disco de platina viu uma mudança no formato das músicas com adições de meios eletrônicos, Corgan e sua banda mergulharam mais fundo nas raízes góticas - que casaram com a estética de Nosferatu com hinos semi-acústicos e semi-eletrônicos.


Apesar do momento em que a banda passava, já desgastada pela ressaca do sucesso estrondoso do seu álbum anterior, além de estarem em uma fase de luto e de terem demitido o baterista do grupo - vibe nitidamente refletida nas músicas desse álbum - "Adore" alcançou o 2º lugar no ranking da Billboard e no Canadá, além de ter sido 1º lugar na Austrália, Bélgica, França, Nova Zelândia e Noruega, e de ter ficado em 5º lugar no Reino Unido. Sem ninguém da banda ter imaginado tanto sucesso ainda para esse disco, o mesmo ainda foi indicado ao Grammy como melhor álbum de rock.


Confira a música "Ava Adore", do álbum "Adore":

Jimmy Chamberlin havia retornado (sóbrio) ao SMASHING PUMPKINS em 1999, mas a banda infelizmente iria acabar em 2000 - em meio a conflitos internos, depois de uma turnê completa para o seu subestimado 5º disco lançado no mesmo ano, "Machina The Machines of God". D’arcy ainda estava na banda e gravou o baixo nesse álbum, mas por estar envolvida nas drogas com crack e cocaína, ela também havia sido demitida do grupo. Com a ex-baixista do HOLE como substituta, o SMASHING PUMPKINS deu início a sua turnê de despedida realizando o seu último show (até então) no Metro Cabaret em Chicago - onde havia sido efetivamente o 1º show da banda em 1988.


Mesmo assim, a fama e a evidência da banda continuavam fortes levando esse álbum ao 3º lugar no ranking da Billboard, além de um 2º lugar na Austrália e Canadá, e de ter alcançado o 7º lugar no Reino Unido.


Confira a canção "I of The Mourning", do álbum "Machina The Machines of God":


Desde a reforma do SMASHING PUMPKINS em 2007 – quando retornou somente com Billy e Jimmy como membros originais - Corgan tem obtido atenção da mídia e alguns novos fãs para as várias encarnações que a banda passou desde então. Lançando o seu 6º álbum de estúdio, “Zeitgeist” (2007), o grupo simplesmente nos mostrou o seu álbum mais pesado de toda a discografia. Em 2009, Jimmy sai da banda para cuidar da sua família e é onde começa o rebuliço de integrantes saindo e entrando no grupo.


Mesmo desacreditado, “Zeitgeist” superou as expectativas alcançando o 2º lugar no ranking da Billboard, além de ter sido 1º lugar na Nova Zelândia e Canadá. No Reino Unido ele chegou ao 4º lugar e ganhou 01 disco de Ouro nos EUA - fato esse último que a banda não conseguia mais desde o lançamento do 4º álbum de estúdio em 1998.


Confira a música que abre o álbum "Zeitgeist", "Doomsday Clock":


Averiguando que em tempos cibernéticos um álbum de estúdio não vende mais como antigamente, Corgan declara que não iria mais lançar discos, somente músicas isoladas na internet. Após lançar canções on-line (várias delas foram registradas no DVD “If All Goes Wrong”, 2008), Corgan aguentou até 2012, quando lançou o seu 7º álbum de estúdio e o mais progressivo de toda a discografia, “Oceania”. A banda oficializou esse período lançando também o show realizado no final de 2012, o DVD “Oceania: Live in NYC”.


Este disco foi muito bem recebido e aclamado pela crítica, provando o campo de exploração musical de Corgan em um álbum conceitual. Surpreendentemente o disco alcançou o 1º lugar no ranking da Billboard, mas não conseguiu configurar nas mesmas posições em que a banda costumava alcançar nos demais países.


Foi nomeado pela revista Rolling Stone como um dos melhores álbuns de rock em 2012, além da revista também ter elogiado a turnê mundial desse disco, que rendeu à banda algumas das melhores resenhas de shows em toda a sua carreira.


Confira a canção "The Celestials", lançada no disco "Oceania", e que se fosse lançada nos anos 90 poderia estar lado a lado com as principais músicas da banda:


No final de 2014, o SMASHING PUMPKINS lançou o seu 8º e último disco, “Monuments to an Elegy”, sendo um ótimo álbum e o mais minimalista de toda a sua discografia (e isso não é nenhum demérito), tanto em tempo de execução quanto às quantidades de músicas (só 09)! O baterista do RAGE AGAINST THE MACHINE, AUDIOSLAVE e do PROPHETS OF RAGE, Brad Wilk, acompanhou a banda durante a turnê promocional desse disco, que passou pelo Brasil e países vizinhos fazendo shows particulares e sendo parte do line-up de bandas do Lollapalooza Festival/2015, aqui na América do Sul.


Este álbum estreou em 2º no ranking da Billboard e não tão menos surpreendente em 3º no Reino Unido.


Confira o single desse último álbum e que é uma das melhores músicas da carreira do SMASHING PUMPKINS, "Being Beige":


Jimmy Chamberlin voltou ao SMASHING PUMPKINS em 2015, sendo que em 03 oportunidades James Iha subiu ao palco para mandarem algumas antigas canções em shows – não podemos deixar de lembrar do fiel escudeiro de Billy desde quando a banda voltou em 2007, o guitarrista Jeff Schroeder, que está no grupo até hoje. E claro, recentemente Billy reatou as amizades com D'arcy... O que podemos esperar?


Sem medo, Corgan sempre foi de explorar-se musicalmente - e parece repetir isso em cada projeto que assume. No entanto, não importa qual seja a viagem sonora, você vai sempre sentir a sua presença naquela tal música – a canção “Pale Horse” é um exemplo clássico (lançada no 7º disco). Enquanto você pode saborear o êxtase da música "Soma" (lançada no 2º disco), você também pode ser atraído por lágrimas no elogio de canções como "Once Upon a Time" (lançada no 4º disco) ou fazer tremer o quarto com a música "The Everlasting Gaze" (lançada no 5º disco).


Quando as bandas se reformam ou mudam, é uma narrativa de mídia bastante típica para anotá-las como não tão boas como eram anteriormente. Mas os artistas não têm permissão para crescer? Assim como as crianças que são vistas como “bonitinhas” na infância e depois como “problemáticas” no estágio a seguir como adolescentes, os bons sentimentos que geramos sobre as expectativas e acessórios que vem no próximo pacote, muitas vezes ficam no meio do caminho de como analisamos certos artistas. Billy Corgan cresceu para realizar tanto o que quis em sua vida, sendo que os críticos nunca o dissuadiram de onde ele queria ir - e ele só prova estar mais forte com o passar do tempo.


O futuro de Billy Corgan está brilhando com o seu aniversário de 50 anos agora em Março e com sólidas sondagens de que o SMASHING PUMPKINS, depois de quase 02 décadas, estará em turnê em 2017 com os membros originais, mas mesmo assim, Billy geralmente acaba sendo o melhor no que ele define na sua própria mente.

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