top of page
  • by Brunelson

Courtney Love: matéria de capa da Revista 89 Rock de 1999


Courtney Love, Hole, Nirvana

Na edição de fevereiro/março de 1999 (foto), a revista brasileira 89 Rock havia publicado uma reportagem de capa sobre Courtney Love, vocalista/guitarrista do HOLE e viúva de Kurt Cobain.


Confira a matéria na íntegra logo abaixo:



"Quando você é uma pessoa ambiciosa, você não desiste até que tudo esteja como você quer. Estou aqui para ser ambiciosa" (Courtney Love).


Dizem que ela montou nas costas de Kurt Cobain para se lançar no rock, e até que ela mandou matar o cara. Que ela é uma farsa, seja na música ou no cinema, capaz de tudo para alcançar o topo do estrelato pop. Dizem, também, que ela não é nada disso. De qualquer maneira, Courtney Love chegou onde poucas conseguiram. E parece que não vai parar por aí.

Courtney Love, Hole, Nirvana

Ela é a mulher mais polêmica que apareceu no rock na última década. Mas como controvérsia não é o suficiente para garantir vida longa na indústria fonográfica, Courtney Love está cada vez mais empenhada em mostrar a que veio. Detonada pela imprensa sensacionalista, crucificada pelos fãs de Kurt Cobain, esnobada por parte da elite de Hollywood e considerada a grande traidora do rock underground dos anos 90, ela não olha para trás e continua subindo. E, para surpresa de muita gente, está se dando bem em sua escalada para o topo, não por causa de seus amigos famosos ou de seu visual produzido pela estilista Donatella Versace: ela realmente tem talento. Para a música, para o cinema e, principalmente, para a "profissão celebridade".


* Love Paranóia


Detonar Courtney Love já deveria ter se tornado um esporte do passado, mas parece que ainda vai demorar um pouco para que o mundo deixe a viúva do grunge em paz. Em 1998, enquanto o HOLE adiava o aguardado disco "Celebrity Skin" (3º disco), ela tentou evitar o lançamento do documentário "Kurt and Courtney", do diretor inglês Nick Broomfield, que insinuava que ela havia tomado parte de um suposto complô para assassinar o líder do NIRVANA. Inflamados por esta e outras tentativas de remexer na morte de Cobain, alguns fãs (?!) do NIRVANA e paranóicos em geral continuam insistindo no assunto. Na internet, além de sites especializados em manter a polêmica quente, há diversas páginas dedicadas exclusivamente a defender a cantora. Como nos EUA o rock faz parte do dia-a-dia dos adolescentes mais do que em qualquer outro lugar do mundo, volta e meia há um protesto ou uma nova tentativa de resgatar o assunto.


* Love Sobrevivente


O que Courtney Love acha disso tudo? Aos 34 anos, ela não quer mais falar sobre o assunto e se irrita quando fareja a tentativa de algum repórter. Em suas entrevistas, jornalistas são instruídos a evitar o nome de Kurt Cobain e outros detalhes sobre sua vida pessoal, como o relacionamento (terminado) com o ator Edward Norton, que ela conheceu no set de "O Povo Contra Larry Flynt". "As pessoas não tem o direito de falar sobre o que era minha vida antes ou agora porque elas simplesmente não conhecem o lado verdadeiro das coisas", insiste ela em 09 a cada 10 de suas entrevistas. Parte da irritação de Love é mais do que compreensível. Desde que apareceu "transformada", em um vestido branco de Versace, na cerimônia do Oscar de 1997 e assumiu uma atitude bem diferente dos tempos do NIRVANA, a cantora realmente virou outra pessoa. Aquela fubanga bagaceira, sempre chapada e praticamente feiosa que fazia o tipo "sou pior que as minas do L7", cedeu lugar a uma mulher mais comportada, bem cuidada, quase bela e, ao que tudo indica, distante das drogas. Não foi todo mundo, no entanto, que engoliu que Courtney Love sem as drogas - ou com um pouco menos delas - era uma outra pessoa, interessada em outros assuntos, amigos e atividades. Mais do que tentar renovar sua imagem com um plano mirabolante de marketing, ela queria aproveitar o período clean de outras maneiras. Em uma entrevista recente a uma revista norte-americana, ela compara sua trajetória com a de Cobain: "Ele era o cara mais legal, durão e anti-social e eu era a garota mais legal, durona e anti-social; é claro que iríamos acabar ficando juntos. Mas já era claro que eu iria sobreviver a tudo e ele não".

Courtney Love, Hole, Nirvana

* Love Madonna


A verdade é que, por mais que já tenha sido assunto de infinitas reportagens e livros, ninguém pode afirmar com muita certeza o que aconteceu nas últimas semanas de vida de Kurt Cobain. E ninguém pode afirmar o que seria a vida dele caso a depressão, a heroína e a síndrome de pânico não tivessem tomado conta de sua vida. A certeza de Love de que o destino estava traçado tem sido realmente seu maior problema. E também a boca enorme. Uma das características que não mudaram em sua personalidade desde que afirmou estar livre das drogas é o desprendimento. Love é o tipo de mulher que chega para o executivo de Hollywood e diz que ele não deveria usar aquele tipo de terno cafona. Em uma variação mais intrigante de Madonna, ela aproveita agradecimento de premiações para fazer apologia ao comportamento gay e entrevistas para lembrar o fato de que nunca achou que não se tornaria presidente. Se a certeza da fama vem de longa data, o caminho não foi curto. Até se transformar em uma estrela de Los Angeles que é amiga de Madonna e Jim Carrey, Love passou por muitas. Da infância em Portland, no Estado de Oregon, à fama internacional, ela passou uma temporada em um reformatório juvenil, foi largada pelo pai (com quem até hoje o relacionamento é estremecido, principalmente depois que ele concordou em aparecer em "Kurt and Courtney"), trabalhou em clubes de strip-tease, foi punk rock girl e protagonista de inúmeros escândalos, para fazer um resumo rápido. Durante toda essa trajetória, foi acusada de muitas coisas. Ela teria se aproveitado de namorados, amigos e conhecidos para escalar até o topo; usado o talento de Cobain para se lançar como cantora; da publicidade da morte dele para promover o disco "Live Through This" (2º disco, 1994) e de sua condição de viúva do rock para conseguir trabalho no cinema. Quando finalmente conseguiu mostrar que podia atuar, em "Larry Flynt", dirigido por Milos Forman, boa parte da crítica caiu de pau dizendo que ela só conseguiu convencer porque estava fazendo o papel dela mesma - uma viciada em drogas não muito honesta.


* Love Mandona


Com a chegada de "Celebrity Skin" ao mercado, em setembro de 1998, Love ainda sentiu um pouco da rebarba da avalanche de críticas que dominou sua vida na última década. Uma briga com Billy Corgan, seu ex-namorado e líder do SMASHING PUMPKINS, e co-autor de 06 músicas do disco, ameaçou mais uma vez a credibilidade criativa dela, enquanto a vendagem inicial do trabalho, abaixo das expectativas, já serviu para a proliferação dos rumores de que a carreira do HOLE não ia tão bem. É claro, a trajetória de um grupo liderado por Courtney Love não é das mais fáceis e é verdade que ninguém bota a mão no fogo quanto ao fato de ela ser uma pessoa fácil ou coerente em seu dia-a-dia. Love é o tipo de mulher que não pensa 02 vezes em usar seu poder para conseguir o que quer. Quando ficou sabendo da produção do documentário que iria remexer em seu passado, ameaçou a MTV e outras emissoras e conseguiu ter o filme banido do importante festival de Sundance, em 1998. Depois da briga com Corgan, ela chegou a gastar dinheiro com anúncios para deixar claro que ela é quem mandou na criação de "Celebrity Skin". São essas atitudes compulsivas que ajudam a formar a personalidade intrigante de Love, que, para muitos, é o maior sinal de que ela não passa de uma farsa.

Courtney Love, Hole, Nirvana

* Love 200 Cigarros


Em 1999 ela tem boas chances de dar mais alguns passos em direção à consagração no pop. Depois de algumas apresentações de aquecimento em Los Angeles, HOLE começa em breve uma turnê mundial, que deve esquentar as vendas de "Celebrity Skin" (já devidamente reconhecido pelo Grammy). Nos cinemas, ela aparece, em março, na comédia "200 Cigarettes", ao lado de Christina Ricci, sobre uma turma do East Village nova-iorquino nos anos 80 - uma das poucas cenas dos últimos anos da qual Love não fez parte. Mas a grande expectativa das telas é seu trabalho em "Man on The Moon", em que mais uma vez ela é dirigida por Milos Forman. No filme, ela atua ao lado de Jim Carrey na história sobre o famoso comediante norte-americano Andy Kauffman. Entre os planos para os próximos tempos está, é claro, a conquista de um Oscar de melhor atriz - que, analisando-se a trajetória dela até aqui, é um movimento perfeitamente possível. Courtney Love é esse tipo de mulher: capaz de deixar sua banda sem baterista às vésperas do lançamento do primeiro disco em 04 anos e decidida a fazer (e divulgar) cirurgias plásticas para poder se tornar "algo prazeroso de se olhar". Alguém aí duvida que ela não vai conseguir tudo o que quer?


* Love Temperamental


A baixista/vocalista da banda paulistana PIN UPS, Alessandra Briganti, a Alê, 27 anos, conheceu Courtney Love em São Paulo, no Hollywood Rock de 1993. Durante 03 dias, conviveu com ela e Kurt Cobain, líder do NIRVANA, um casal regado a drogas e comportamentos extremos, que iam do gente finíssima ao nojentão total.


Revista 89 Rock: Como foi seu 1º contato com Courtney Love?


Alê: Sempre gostei muito do NIRVANA e, quando soube que eles viriam ao Brasil, fiquei louca. Acabei indo ao hotel onde a banda estava e, de repente, vi Kurt e Courtney no bar e fui falar com eles morrendo de vergonha. A 1ª impressão foi muito boa. Fui super bem recebida, Courtney amou o fato de eu tocar e ter uma banda e me deu uma credencial de "all access" para o show do NIRVANA.


Revista 89 Rock: Como ela era com as pessoas?


Alê: Ela foi super simpática e deu uma baita atenção pra um amigo meu que não falava inglês. Daí, teve a 2ª impressão. Eu estava falando com Kurt e ela teve um ataque. Não tinha nada a ver, eu estava com meu namorado. Ela teve todo tipo de comportamento comigo, o bacana e o ruim. No balanço, foi legal. Mas dava pra sacar que ela não fazia bem pro cara, ninguém na banda gostava dela, todo mundo falava mal pra caralho, ela era odiada.


Revista 89 Rock: Ela te pedia drogas?


Alê: Ela queria heroína. Mas eu não queria arrumar e ela ficou puta... Acho que ela passava o tempo todo à base de anti-depressivos e remédios para dormir. Eles estavam sempre meio alterados.


Confira o videoclipe da faixa-titulo e single do álbum "Celebrity Skin", da banda HOLE:

Mais Recentes
Destaques
bottom of page