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Ramones: qual era o "último desejo" do guitarrista Johnny Ramone antes de morrer?

by Brunelson

RAMONES geralmente faziam as coisas em seus próprios termos em busca da pureza do punk rock. Simplificando, o compromisso formal nunca esteve na sua agenda.

Na gravação de álbuns ou durante as suas apresentações de ataques cardíacos, o grupo era afiado em cada passo que dava. Raramente se arrependendo, eles cometeriam um grave erro que o guitarrista Johnny Ramone supostamente queria corrigir como o seu “desejo final”.

Nativos de New York, eles tomaram muitas decisões corajosas ao longo da carreira e era exatamente dessa forma que eles gostavam de manter as coisas.

Porém, sobrancelhas foram levantadas por seus fãs confusos quando decidiram unir forças com o desonrado produtor Phil Spector, que vinha de um mundo musical muito diferente (menos para o vocalista Joey Ramone, que amava os seus trabalhos como produtor).


O grupo uniu forças com Spector em busca de vendas de discos e alcance ao mainstream, algo que os RAMONES almejavam durante toda a carreira e só iriam conseguir no final dos anos 80.

Embora o pedigree de Spector nunca tenha sido questionado como produtor, ficou claro que o seu estilo colidiria com os princípios punk dos RAMONES. A banda esperava algumas dificuldades com o produtor notoriamente traiçoeiro, no entanto, nada poderia prepará-los para o que estava lhes reservado durante o processo de gravação do seu 5º álbum de estúdio, "End of The Century" (1980).


A banda teve "sucesso" em sua perseguição e esse disco foi o mais bem sucedido de toda a carreira do ponto de vista comercial, mas apesar da necessidade de encher os cofres, ganhar dinheiro nunca foi o principal incentivo para os RAMONES e claramente gerou um conflito emocional para Johnny Ramone, que mais tarde admitiria o seu arrependimento pela banda ter concordado em trabalhar com Spector.

A certa altura, Spector apontou uma arma para o baixista Dee Dee Ramone, que escreveu em sua autobiografia: “Ele apontou a arma para o meu coração e fez sinal com a arma para que eu e o resto da banda voltássemos para a sala do piano. Ele só guardou a pistola no coldre quando se sentiu seguro de que os seus guarda-costas poderiam assumir a situação, então, ele se sentou em seu piano preto e nos fez ouvi-lo tocar e cantar a música ‘Baby, I Love You’, até bem depois das 04:30hs da madrugada”.



Não só foi um momento traumático gravar esse álbum, mas Spector também deu aos RAMONES uma versão mais refinada do seu som. O polimento pop que Spector forneceu nem sempre brilhava em retrospectiva e para o resto de sua vida, Johnny iria se arrepender profundamente desse disco. Ele planejava retrabalhar o álbum "End of The Century" quando a sua saúde piorou antes de sua morte em 2004.

“Trabalhar com Phil foi muito difícil”, ele comentou ainda em 1982 numa entrevista. “Porque eu acho que ele é um perfeccionista, então, ele gosta de passar muito tempo refazendo as coisas, ouvindo novamente e isso consome muito tempo. É muito difícil para nós, porque o rock n roll tem que ser espontâneo e um pouco mais rápido de se trabalhar”.

O engenheiro de som de longa data da banda (que também chegou a produzir para os RAMONES), Ed Stasium, disse à revista Rolling Stone em 2016 sobre o desdém de Johnny Ramone por esse álbum. Ele falou que o guitarrista promoveu planos para “des-Spectorizar” o disco, o que ele chamou de “seu último desejo” e “obter as coisas de Phil e torná-lo um disco dos RAMONES”.

Infelizmente, a sua batalha contra o câncer de próstata piorou rapidamente e impediu Johnny Ramone de realizar o seu desejo final de refazer o álbum "End of The Century" sem a presença doentia de Spector.


"Baby, I Love You"


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