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  • by Brunelson

Pearl Jam: resenha das músicas de PJ20 pelo próprio diretor do documentário - Parte 1


Pearl Jam

Em outubro de 2011, a lendária banda grunge de Seattle, PEARL JAM, estava lançando o seu documentário chamado PJ20, comemorando e narrando os 20 anos do grupo.


O diretor desse documentário, Cameron Crowe, que dirigiu filmes épicos como Singles - Vida de Solteiro, Quase Famosos, Vanilla Sky e tantos outros, havia feito uma introdução e resenha dissecando cada música que foi lançada na trilha sonora dupla do documentário PJ20.


Portanto, segue a tradução na íntegra do que veio escrito no livrinho que acompanha essa trilha sonora, onde selecionamos exatamente cada performance referida pelo diretor Cameron Crowe:



Este documentário começou com uma conversa ao longo dos anos. Em muitos shows, ou na ocasião de um novo lançamento do PEARL JAM, Kelly Curtis (empresário da banda desde sempre) e eu, casualmente tivemos a mesma conversa, de que um dia tínhamos que fazer o nosso documentário sobre o PEARL JAM: "Algum dia, nós vamos realmente contar toda a história. Usaremos de tudo! Material inédito, o melhor das performances ao vivo..."


Mesmo no processo de fazer o nosso primeiro curta-metragem, "Single Video Theory", lançado em todo o mundo acompanhando o lançamento do álbum "Yield" (5º disco, 1998), nós já estávamos vasculhando alguns arquivos para o nosso futuro mítico documentário. Porém, nós nunca sabíamos qual seria a forma desse filme, apenas que seria a nossa versão da magnífica ode de Jeff Stein para o THE WHO, "The Kids Are Alright".


Para qualquer fã do THE WHO, esse filme captou a experiência em ser um fã da banda e isso deu à sua música uma exibição nos cinemas, sem cortes e totalmente viva.


Esse era o nosso objetivo e a nossa obsessão mútua cinematográfica: fazer o nosso filme do PEARL JAM.


Finalmente, cerca de 03 temporadas de Natal atrás, o projeto se tornou muito real. O 20º aniversário do PEARL JAM estava próximo e de repente, havia mais do que um motivo - agora, havia um prazo final.


Com a ajuda de Barbara McDonough, Kevin Shuss, Rick Krim, Tim Bierman e muitos outros em todos os cantos e recantos do mundo da mídia, lançamos um grande documentário. Queríamos encontrar tudo, todas as imagens que estão flutuando por aí - tanto de fãs quanto oficiais. Quando terminamos de colecionar mais de 30 mil horas de filme e música, os procedimentos para o documentário começaram a ser montados.


Salas de computadores com discos rígidos estavam ofegantes sob a carga recebida. Os editores - Chris, Kevin e Adi - estavam quase no automático referente a marcação de datas, performances e outras nuances. Todas as curtas e longas apresentações, todas as passagens de som utilizáveis e todas as cenas de filmes de outros cineastas... Eles sabiam onde encontrar as coisas.


A banda nunca passou em branco num show e nunca perdeu a oportunidade de deixar a sua marca. A riqueza das filmagens deixou o nosso caminho muito claro, onde basta contar a história do grupo e deixar a música nos guiar.


E assim nós fizemos...


As cenas escolhidas foram perigosamente longas e carregadas com imagens de fontes infinitas. A banda foi filmada extensivamente, embora não muito tenha sido lançado oficialmente. Colocamos tanta coisa no documentário - momentos, cenas filmadas por membros da banda, trechos de áudio, explosões visuais, entrevistas novas e antigas - em muitos formatos diferentes, todos destinados a mostrar um "diário de bordo" emocional de como é ser um membro do PEARL JAM nessa jornada de 20 anos.


A ética primitiva da banda os definiram: mudando cada show com diferentes músicas e ordens de execução, seguindo os seus instintos, não fazendo todas as entrevistas, não perseguindo as armadilhas, mantendo o foco na música escrita e nas canções e continuar tocando e fazendo shows.


Eu sempre senti que a história pessoal da banda era quase um conto ao redor de uma fogueira de acampamento que merecia ser contada. Para todos os músicos que pensam em montar uma banda ou se perguntam se deveriam continuar com o seu grupo, haverá respostas na forma como Jeff Ament (baixista), Stone Gossard (guitarrista), Matt Cameron (baterista), Boom Gaspar (tecladista), Mike McCready (guitarrista) e Eddie Vedder (vocalista) viajaram juntos nos últimos 20 anos.


Andrew Wood, ex-vocalista e compositor do MOTHER LOVE BONE, também merece um lugar nessa história. As memórias ainda frescas dos seus amigos e companheiros de banda inspirados por Wood (que faleceu de overdose em 1990), Jeff e Stone, também nos dariam uma sensação visceral de tempo, lugar e humor em Seattle, quando o PEARL JAM nasceu.


E finalmente, esse documentário também é sobre os fãs. Foi uma alegria mostrar quão perto o relacionamento havia sido ao longo dos anos. PEARL JAM, uma banda formada por amantes da música, foi apoiada nos bons e maus momentos pela própria experiência que os fizeram pegar os seus instrumentos em amor pela música - um amor pelo que é ser um fã.


Se você ama um grupo e ama a sua música, você se inscreve para o grande passeio. E se a banda é merecedora, ela vai sentir isso todas as noites. O público em todos esses anos foram incrivelmente consistentes e elétricos em apoio ao grupo, sendo que a banda sempre retornou aos picos com a mesma intensidade, transformando o sentimento visual e audível, em lugares que esperamos ter capturado no documentário PJ20.


Como Eddie Vedder disse no documentário: "Há essa troca comunal. Há obviamente uma linha traçada entre quem está no palco e quem está no meio da multidão... Mas na verdade, ela realmente não existe".


Então, embarcados nesse espírito, aqui estão algumas canções - tanto pessoais quanto públicas - que brilham como uma lanterna no caminho dos últimos 20 anos.


Aqui estão algumas das paradas memoráveis ​​ao longo dessa incrível jornada, a vida do PEARL JAM.



* Disco 01: Trilha sonora do documentário PJ20



1. "Release" (Verona, Itália - 16/09/2006)


Esta sempre foi uma das principais músicas de nascimento da banda. Escrita logo após a chegada de Eddie Vedder em Seattle, "Release" (1º disco, "Ten", 1991) sempre pareceu uma epifania pessoal, bem como um convite para escrever a partir do coração. Esta é uma das primeiras canções que apontou para onde o futuro os levariam - uma emoção crua que terá sempre um lar em sua música, casada com a explosão sonora da banda. Como provado por essa versão, "Release" ainda é tocada com a mesma graça e compromisso, sendo que as emoções ainda estão frescas anos depois.


2. "Alive" (Moore Theatre, Seattle - 22/12/1990)


Quando a banda ainda tinha o nome de MOOKIE BLAYLOCK, me lembro de estar sentado no teatro Moore ouvindo e vendo essa performance. Como algumas das outras músicas lançadas nessa trilha sonora, a qualidade sonora teve que ser sacrificada em favor de um pouco de história. Foi quando muitos dos amigos e familiares do grupo ouviram e viram a banda pela 1ª vez, e quando tocaram "Alive" (single do álbum "Ten"), as cabeças de todos (banda e público) estavam girando e os rostos se iluminando. Este novo e tímido vocalista cantando com o poder de suas convicções, nesta nova banda nascida das cinzas do MOTHER LOVE BONE... Cara, tudo isso poderia realmente funcionar.


3. "Garden" (Zurique, Suíça - 19/02/1992)


Originalmente lançada no disco "Ten", este é outro momento épico daquele 1º vôo da banda. A sua 1ª viagem à Europa e a ideia casual de tocar um show acústico para uma multidão toda apertada em pequenos clubes, uma receita para o caos que se transformou num lindo caos. Jeff Ament sempre admirou a versatilidade de uma banda como o LED ZEPPELIN, onde a acústica vivia de mãos dadas com a grande batida. Aqui está uma conta em tempo real, da banda aprendendo que a música deles também funcionava nesse contexto. Muito ainda viria com essa descoberta...


4. "Why Go" (Hamburgo, Alemanha - 10/03/1992)


Esta versão de "Why Go" (lançada no álbum "Ten") é uma companheira para a versão explosiva que aparece no documentário, capturada pela câmera do técnico de guitarra da banda, George Webb - e por algum outro cinegrafista - que juntos com Kevin Shuss, documentaram uma grande parte da infância musical do grupo. Esse desempenho está incluído aqui com muitos asteriscos anexados, mas não há melhor qualidade de som disponível para que novamente possamos registrar a história. Mais uma vez, um documento da banda em tempo real encontrando a sua voz e uma turma de espectadores descobrindo muito cedo as coisas junto com a banda.


5. "Black" (Acústico da MTV, New York - 16/03/1992)


Recém chegados de Zurique, onde o experimento acústico deles produziu muita emoção, PEARL JAM concordou com uma apresentação acústica. Sem muito ensaio, eles duplicaram a sensação do show nos clubes, mas dessa vez num palco mundial. Vedder fecha os olhos, esquecendo as câmeras e proporcionando um momento verdadeiramente estimulante. Sentado no banco, cantando uma de suas canções mais pessoais e ainda tão fresco para ele, "Black" explode com raiva e arrependimento, sendo um hino ao amor e a juventude - ambos perdidos. Havia sido somente a 2ª vez que ele manteve o mesmo final da música. Algumas noites antes, em Amsterdam/Holanda, ele acrescentou um pedaço da canção de Rickie Lee Jones, "We Belong Together", até o final de "Black", sendo que aqui, Vedder fez de novo como ele ainda faz de tempos em tempos até hoje, criando o que os fãs nomeiam de "Black w/tag". Instantaneamente icônica, a gravadora exigiu que a música fosse lançada como single do álbum "Ten", mas a banda lutou mais uma vez contra a gravadora e venceu essa disputa. Como resultado, a música ainda parece pessoal e é executada dessa maneira até hoje.


6. "Blood" (Auckland, Nova Zelândia - 25/03/1995)


Ao contar a história da banda, descobrimos que essa versão de "Blood" (2º disco, "Versus", 1993) é especialmente vital, sendo uma resposta instantânea ao crescente sucesso do grupo - o desempenho é quase violento, uma demanda por oxigênio. "Blood" era mais do que um pedido de ajuda, era a demanda de Vedder para ser ouvida acima do ruído branco da popularidade alimentada pela moda - devido ao impacto cultural do grunge. Fala sobre a glória esfarrapada...


7. "Last Exit" (Taipei, Taiwan - 24/02/1995)


A dinâmica de sobrevivência levou a um período de transição. O baterista Dave Abbruzzese, uma base musical forte e poderosa para a banda, havia sido substituído por Jack Irons. O estilo mais solto de Irons levou a banda a áreas mais cheias de nuances, um passo ousado e surpreendente em face de sua enorme popularidade baseada nos primeiros álbuns. A turnê mundial do PEARL JAM em 1995 divulgando o álbum "Vitalogy" (3º disco, 1994, onde foi lançada a canção "Last Exit") mostrou novos ritmos e pontos fortes dentro da banda. Também curioso: "Foi um momento desafiador para seguir em frente e não sei se éramos a mesma banda que havia iniciado. Talvez nos tornamos um grupo diferente a partir daquele momento", disse o guitarrista Stone Gossard, "e talvez o público esteja gostando dessa nova banda..." E os fãs adoraram!


8. "Not For You" (Manila, Filipinas - 26/02/1995)


Outra parada ao longo da mesma turnê, essa performance de "Not For You" também é uma autêntica peça de jornalismo. Estimulada pelo desafio inicial de Vedder de que a banda não seria usada como uma ferramenta de vendas, essa música fundamental do álbum "Vitalogy" mostra a banda em plena força. A letra diz: "Tudo o que é sagrado / Vem da juventude", e não podemos deixar de ver o parentesco com a afirmação semelhante de Pete Townshend (guitarrista do THE WHO) na clássica canção "My Generation": "Espero morrer / Antes de envelhecer". Em uma de nossas recentes entrevistas para o documentário PJ20, Vedder ofereceu uma olhada ao outro lado da história: "Hoje em dia, encontro inspiração em alguns dos surfistas mais velhos que vejo na água", disse ele com admiração. "Eles conhecem todas os caminhos certeiros, sabe? Você olha e eles são os caras mais habilidosos dentro da água, passando por você e dropando as maiores ondas..."


9. "Do The Evolution" (Monkeywrench Radio, Seattle - 31/01/1998)


Retirada das sessões da rádio Monkeywrench realizada na cidade natal da banda, logo após a conclusão de um dos seus trabalhos mais fortes, o álbum "Yield" (5º disco, 1998, onde foi lançada a música "Do The Evolution"). A banda filmou as apresentações, aproveitando ao máximo uma pequena sala cheia de grande barulho. Há um assistente ou técnico de som não identificado, quase invisível, que se mistura à parede nos ângulos de Vedder. Ninguém conseguia se lembrar quem era ou identificá-lo... Nós decidimos que ele poderia ser um fantasma - você vai decidir o que é. Enquanto isso, aproveite uma das grandes apresentações do PEARL JAM daquela época, onde a banda estava à beira de outra onda criativa... It's evolution, baby!


10. "Thumbing My Way" (Chop Suey, Seattle - 06/09/2002)


Este gracioso desempenho acústico capturou o espírito de uma das canções favoritas da própria banda lançada no álbum "Riot Act" (7º disco, 2002). Havia uma nova e convidativa dinâmica no PEARL JAM, agora em evidência com a chegada do baterista Matt Cameron - no grupo desde 1998. "Thumbing My Way" foi escrita e gravada rapidamente, com um desejo consciente de soar menos pessoal, através de um sabor melancólico tornando a canção imediatamente memorável. Ainda um destaque sempre que aparece nos shows, a música também foi uma performance escolhida para o documentário PJ20. Usamos para marcar uma viagem de volta ao estado de Montana junto com o baixista Jeff Ament - terra natal dele.


11. "Crown of Thorns" (Las Vegas - 22/10/2000, show aniversário de 10 anos)


Em 1993, entrevistei a banda durante as sessões do álbum "Versus". Na época, eles já haviam passado e ainda estavam vivenciando a turbulência do seu sucesso inicial, mas havia muito que ainda não tinham dito um ao outro (exceto por Jeff e Eddie, que se ligaram mais cedo à ética artística da banda). Eu havia perguntado a Vedder sobre Andrew Wood, o falecido cantor e compositor do MOTHER LOVE BONE, cuja morte deixou o lugar que Vedder iria preencher mais tarde. Embora Vedder tenha escolhido não nomear a música na época dessa entrevista, ele disse que havia uma composição de Wood que gostaria de ter a honra de canta-la um dia. Ele se recusou a dizer o nome da canção ou mais informações... 07 anos depois, ele surpreendeu a banda dizendo que gostaria de apresentar uma das composições de Wood, a música "Crown of Thorns", para o show em Las Vegas e que seria o 10º aniversário do PEARL JAM. Questionado sobre isso em 2010, Vedder relembrou de quando ensaiaram essa canção durante a passagem de som naquela tarde, como "um espetáculo de emoções quase ofuscante". Este áudio é o desempenho que aconteceu no mesmo dia, mais tarde, naquela noite.


12. "Let Me Sleep" (Verona, Itália - 16/09/2006, período vespertino, nos degraus do coliseu)


Uma canção que ficou de fora do álbum "Ten", num momento roubado da turnê e capturado para a posteridade pelas câmeras de Danny Clinch. A dinâmica McCready/Vedder em exibição total, sendo que foi a 1ª apresentação ao vivo desta música (mesmo sem público), desde a performance da banda no concerto anual beneficente de Neil Young em 1994, Bridge School Benefit.


13. "Walk With Me" (Bridge School Benefit, California - 23/10/2010, com Neil Young)


Neil Young defendeu o PEARL JAM de forma precoce e enfática. O grupo foi mais do que apreciado e Young tornou-se um mentor e a banda colaboradora no álbum de Young, "Mirror Ball" (1995), bem como um parceiro de turnê para uma série de shows europeus nos anos 90. Eles muitas vezes se reencontraram para o Bridge School Benefit no norte da California, um evento co-presidido com a esposa de Young, Pegi. Sempre procurando por uma música para tocarem juntos, PEARL JAM escolheu uma canção do próprio Young. Obrigado, Neil Young, e o resultado é essa união de velhos amigos.


14. "Just Breathe" (Saturday Night Live, New York - 13/03/2010)


Um novo padrão lançado no álbum "Backspacer" (9º disco, 2009). Aparentemente sem esforço e calorosamente pessoal, a história do grupo só torna essa composição de coração aberto mais poderosa ainda! Para citar um dos fãs entrevistados para o documentário PJ20: "Eu acho que essa banda está apenas começando".

Disco 02 continua...

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