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  • by Brunelson

Pearl Jam: confira entrevista de Josh Evans, produtor do disco "Gigaton", ao G1


Pearl Jam

O jornalista brasileiro Rodrigo Ortega, do site G1, entrevistou Josh Evans, o novo produtor do PEARL JAM e do álbum "Gigaton" (11º disco, lançado agora no final de março de 2020).


Confira a matéria na íntegra logo abaixo:


Ao site G1, Josh Evans explica como versos raivosos do vocalista Eddie Vedder sobre mudanças climáticas e o presidente americano Trump, refletem preocupação da banda com as notícias.


"É estranho ver o que viraram as emoções desse disco nos últimos dias", diz Josh Evans, produtor do sombrio e raivoso "Gigaton", 11º álbum do PEARL JAM.


Assim como a banda, Josh é de Seattle, cidade que foi o primeiro foco do coronavírus nos EUA. Isolado em casa, ele falou ao G1 pelo telefone.


Eddie Vedder vocifera contra Donald Trump e um mundo em crise climática que "está ficando doido", no disco lançado na sexta-feira (27/03/2020). Ele mal sabia que a loucura ia ficar ainda maior com a pandemia. Mas a trilha sombria, com alguns sinais de esperança, não deixa de ser adequada aos dias de hoje.


Josh, de 41 anos, estreia como produtor do PEARL JAM. O currículo não é muito estrelado, mas ele circula bem em Seattle e assinou produções do falecido vocalista Chris Cornell e da sua banda, SOUNDGARDEN. Ele trabalha há anos com o PEARL JAM, "desde carregar caixas até pintar paredes do estúdio".


É o primeiro trabalho da banda com outro produtor após 30 anos com Brendan O'Brien. Josh fala como profissional e fã: "Eu aprendi a tocar guitarra ouvindo discos do PEARL JAM". Ele se sentia "roubando ideias" dos músicos. "Eu só repetia para eles o que me ensinaram".


Segue a entrevista:


G1: Estrear com o PEARL JAM depois de 30 anos com o mesmo produtor te deixou nervoso?


Josh Evans: Foi muito estranho. Meu histórico é de engenheiro de áudio, mas nos últimos 10 anos eu trabalhei com a banda em outras coisas. Fiz desde carregar caixas e pintar paredes de estúdio a ser um roadie e técnico de teclado. Nos últimos cinco anos, trabalhei com discos solo deles. E aí, em janeiro de 2017, começaram a marcar sessões de estúdio. De início eu só ia ajudar a gravar a demo. Uma hora ficou claro que eram as músicas de verdade. Foi engraçado, eles nunca disseram: "Você é o produtor". Só fui gravando.



G1: Então, como foi quando você descobriu que era o produtor do disco?


Josh Evans: Foi aterrorizante e gratificante. Fiquei assustado em ter essa responsabilidade, mas tive sorte de eles terem confiado em mim. Eu nasci em 1978, em Seattle, então, era adolescente quando o grunge estava acontecendo. Eu fui a muitos shows do PEARL JAM como fã quando garoto. Parece que estou trapaceando. Aprendi a tocar guitarra ouvindo PEARL JAM. Agora, os guitarristas Mike McCready e Stone Gossard me perguntam: "O que seria legal aqui?" Eu só penso no que eles me ensinaram e eles falam: "Boa ideia". Nem é ideia minha, eu roubei deles. Só repito para eles 20 anos depois.



G1: Quanto tempo vocês passaram com esse disco?


Josh Evans: Dois anos. Na abertura da canção "Retrograde", por exemplo, eu devo ter passado uns dois dias experimentando coisas diferentes, esticando partes de guitarras e mexendo no Pro-tools. É muito legal ter o luxo de ter esse tempo e horas incontáveis.



G1: Já existia o nome e a ideia de "Gigaton" desde o começo? Parece tudo amarrado com os vocais, o baixo mais forte, as letras...


Josh Evans: Eles me falaram o nome só depois. Não acho que foi intencional no começo, mas Eddie e todos os membros pensam em tudo que está acontecendo no mundo. Eles não falaram: "Vamos fazer um disco sobre mudanças climáticas ou política". Era só o que estava na cabeça deles hoje em dia. É estranho ver o que viraram as emoções desse disco nos últimos dias. Não dava para prever.



G1: E vocês conversavam sobre essas coisas no estúdio?


Josh Evans: Sim, mas do mesmo jeito que todo mundo. Você acorda, toma seu café, lê as notícias e fala: "Viu o que o Trump fez hoje? O que eles estão falando? Não acredito no que está acontecendo". O bom de uma banda como o PEARL JAM é que eles conseguem colocar essas emoções nas músicas. No estúdio nunca foi uma coisa direta tipo: "Estou bravo com Trump, vamos escrever uma música sobre ele". Estávamos vivendo nesse mundo e tentando entendê-lo juntos. Mas como todo mundo, havia muita conversa no estúdio, todo dia, sobre como esse mundo ficou doido.



G1: Sendo de Seattle, você concorda que eles estão fazendo um grunge maduro?


Josh Evans: Para a gente em Seattle o termo grunge nunca significou muito, é uma coisa de pessoas de fora. Mas acho que tentamos manter a autenticidade, crueza e a honestidade desses artistas grunge. E sim, acho que tem uma maturidade. Eles foram corajosos, tentaram coisas diferentes. É o disco que esses cinco caras poderiam fazer hoje. É um registro dessa época de quem eles são, de um jeito que ninguém mais podia ter feito.



G1: A música "Comes Then Goes" parece feita para um amigo de Eddie que morreu e especulou-se que era Chris Cornell. Ele falou sobre isso?


Josh Evans: Nunca falamos explicitamente sobre nenhuma letra, mas a morte de Chris teve um enorme impacto sobre a banda - e em mim também. Eddie e o baterista Matt Cameron (também do SOUNDGARDEN e TEMPLE OF THE DOG) foram muito próximos dele. Acho que a morte dele influenciou elementos de todas as músicas. Como não poderia? Mas não acho que Eddie é um compositor direto. A genialidade dele é pegar o que está acontecendo no mundo, na casa dele, no coração dele, nos vizinhos, incorporar nas letras e fazer isso se conectar com todos. Não sei onde está a influência de Chris, mas sei que está em todo lugar.


Confira os 03 singles lançados pelo PEARL JAM para divulgar o álbum "Gigaton":

"Dance of The Clairvoyants"

"Superblood Wolfmoon"

"Quick Escape"

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