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  • by Brunelson

Revista 89 Rock: matéria secundária de capa do Nirvana em 1999 - Parte 2


Nirvana

Na edição de fevereiro/março de 1999 (foto), a revista brasileira 89 Rock havia publicado uma reportagem secundária de capa sobre o NIRVANA, onde o autor relata de forma sintetizada toda a história da banda, salientando os principais eventos e histórias que marcaram o grupo.


Algumas informações foram corrigidas e outras incluídas pelo site rockinthehead, para que a história do grupo transparecesse sincera aos fatos.


Aqui nesta matéria, 02 jornalistas da revista relataram como foi presenciar "in loco" os shows do NIRVANA.


Portanto, confira a 2ª parte que o site rockinthehead preparou destas reportagens, com os respectivos vídeos de cada show mencionado:



* Eu tava lá - Parte 1 (ao vivo em Seattle/1991)


Nosso colaborador assistiu ao primeiro e histórico show do NIRVANA em casa depois do lançamento do disco "Nevermind" (2º álbum, 1991).


por André Barcinski


31 de outubro de 1991, Halloween. O show mais importante nos EUA e o mais comentado aconteceria em Seattle. NIRVANA e MUDHONEY, uma das maiores bandas da cidade, juntas no grande teatro da Paramount.


Cinco mil ingressos começaram a ser vendidos às 10:00hs da manhã e esgotaram às 15:00hs da tarde. Não era para menos: NIRVANA fazia o primeiro show em casa depois do estouro do álbum "Nevermind", lançado 01 mês antes. O que era para ser um show tranquilo, acabou se tornando o maior acontecimento do ano em Seattle. O clima era de histeria coletiva. O show estava atrasado e o tempo quente. Fãs jogavam tudo no palco: tênis, camisas e bottons.


De repente, uma portinha no chão se abre e no meio dos fotógrafos, sai um cara loiro de suéter. Era Kurt Cobain, assustado com a lotação do teatro. Poucos fãs o reconheceram. Com toda a banda no palco, Kurt diz: "Essa é uma música de uma banda que a gente ama". Começa a canção "Jesus Doesn't Want Me For a Sunbeam", dos escoceses THE VASELINES. Seriam as únicas palavras que ele dirigiria ao público durante todo show.


"Jesus Doesn't Want Me For a Sunbeam"

Depois de algumas músicas, começam os acordes da canção "Smells Like Teen Spirit" (single do disco "Nevermind"). Sempre ouvi amigos mais velhos falando da emoção que foi ouvir SEX PISTOLS tocando a canção "Bodies" em 1977, ou BLACK SABBATH matando com a música "Paranoid" lá pelos idos de 1973. Nunca tinha visto uma banda no auge, tocando um pretendente a clássico. Agora sim. Só de saber que a banda está acontecendo ali, na sua frente, é um prazer. NIRVANA é carne fresca e Seattle é um grande açougue. O show vai esquentando, num crescente de barulho e suor.


"Smells Like Teen Spirit"

A canção "Breed", uma das melhores do disco "Nevermind", vem como fósforo em gasolina e incendeia o lugar. O público, espremido, tenta subir no palco, mas os seguranças agem. Na guitarra de Kurt, um adesivo diz: "Vandalismo, tão bonito quanto uma pedra na cara de um guarda". Ele age como um delinquente. Parece um daqueles moleques que passou toda a infância apanhando dos fodões da turma e que agora resolveu descontar no mundo. O show continua, um hit atrás do outro. São 70 minutos, divididos em 19 espasmos de barulho.


"Breed"

Mais tarde, a banda emenda a música "Negative Creep", hit underground do álbum "Bleach" (1º disco, 1989). O público urra. O barulho que 03 caras conseguem fazer em cima de um palco é impressionante. Krist Novoselic do lado esquerdo, tocando baixo como se estivesse numa corrida de obstáculos pulando por todos os lados. No centro, Dave Grohl espancando sua bateria. Na direita, Cobain, olhar de psicopata, balançando a cabeça.


"Negative Creep"

Depois do encore break e da canção "Territorial Pissings" (também lançada no álbum "Nevermind"), começa o ritual ao final da última música do show, "Endless Nameless" (escondida no disco "Nevermind"). Kurt pega sua guitarra Fender e enfia num ventilador na beira do palco. A microfonia é insuportável. Ele enfia o braço da guitarra nas hélices do ventilador, apoia a guitarra no chão e se equilibra com a barriga na ponta, como se estivesse no meio de um salto com vara. O ventilador é pouco para Kurt. Um amplificador da Marshall na beira do palco vira saco de pancada. A Fender leva a pior. Um roadie entrega outra guitarra novinha para ele. Não demorou nem 02 minutos e a pobrezinha já engrossa a lista de bebês mortos no parto.


Sem tocar um acorde, Kurt martela a infeliz no chão. Ainda agonizante, ela é recolhida por Krist. O meliante joga a guitarra para o alto, uns 05 metros. Quando ela cai, ele emenda um bate-pronto usando seu baixo como taco de baseball. Show demência...


Kurt agradece timidamente. O equipamento estava todo destruído. A banda sai do palco, transe total. O público ainda não havia digerido a porrada...


"Territorial Pissings"

"Endless Nameless"

O camarim ficava nos fundos do palco. Uma barreira de seguranças impedia a entrada de outra barreira, de repórteres, gente da gravadora e os habituais bicões. No camarim, uma zona. Kurt, Krist e Dave estão lá, cercados por dezenas de pessoas. Chego perto de Krist e digo: "Oi, sou do Brasil e marquei uma entrevista com a Jenny... Ela te avisou, né?"


Krist respondeu: "Entrevista? Brasil? Não me lembro".


Àquela altura, ele não se lembraria nem da data do próprio aniversário. Lhe perguntei: "O que você achou do show?" Ele me respondeu: "Fucking great!"


Parecia que eu estava conversando com algum adversário do boxeador Mike Tyson depois da luta. Krist era um caso perdido, Kurt nem adiantava tentar. Sentado num canto, cercado por uma multidão, falando baixo e completamente torto - nocaute técnico.


Talvez, Dave conseguisse falar alguma coisa... Perguntei para ele: "Vocês esperavam que o disco 'Nevermind' fizesse tanto sucesso?" Dave me respondeu: "Não, ninguém esperava".


Foi a frase mais articulada que ouvi em toda noite.


Setlist:


1. Jesus Doesn't Want Me For a Sunbeam (cover THE VASELINES)

2. Aneurysm

3. Drain You

4. School

5. Floyd The Barber

6. Smells Like Teen Spirit

7. About a Girl

8. Polly

9. Breed

10. Sliver

11. Love Buzz (cover SHOCKING BLUE)

12. Lithium

13. Been a Son

14. Negative Creep

15. On a Plain

16. Blew


Encore Break


17. Rape Me (só seria lançada no disco "In Utero", 1993)

18. Territorial Pissings

19. Endless Nameless



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* Eu tava lá - Parte 2 (ao vivo no Brasil em 1993)


NIRVANA fez um dos piores shows de sua carreira, mas ninguém ligou muito: todos queriam ver a maior banda de rock dos anos 90.


por Alex Menotti


Em janeiro de 1993, o Brasil presenciou o Hollywood Rock Festival mais radical até então. O grunge estava em alta e as atrações principais foram as bandas L7, ALICE IN CHAINS, RED HOT CHILI PEPPERS e o maior fenômeno do rock na época, NIRVANA.


Cobain (vocalista/guitarrista), Grohl (baterista) e Novoselic (baixista), subiram ao palco no estádio do Morumbi em São Paulo com status de "salvadores do rock", mas já havia algo de errado com Cobain.


Visivelmente chapado de alguma droga bem cabulosa, Kurt mostrava-se pouco à vontade com aquela multidão à sua frente. O show foi o mais desconstrutivo que o país já viu. Talvez, querendo mostrar que não se importava com o sucesso, a banda tocou mal, chamou Flea (baixista do RED HOT CHILI PEPPERS) para fazer um solo de trompete desafinadíssimo na música "Smells Like Teen Spirit" e aprontaram peraltices em cima do palco trocando de formação na sessão dos covers - Kurt foi para a bateria, Dave para o baixo e Krist para a guitarra - destruindo (literalmente) clássicos como a canção "Should I Stay or Should I Go", do THE CLASH.


Resultado: antes do final, parte do público já havia se mandado...


No Rio de Janeiro (referente a performance, foi melhor) foi pior. Kurt tirou o pênis pra fora e cuspiu nas câmeras da Globo, que, atônita, cortou a transmissão ao vivo pela metade. No que concerne à música, a passagem do NIRVANA pelo Brasil foi horrível, mas perdoem pelo clichê, como atitude foi sensacional.


Infelizmente, após estes shows, NIRVANA entrou numa curva descendente que culminou no suicídio de Cobain, pouco mais de 01 ano depois.


O Brasil assistira ao ocaso do grupo mais importante dos anos 90.


Setlist - Estádio do Morumbi, São Paulo, 16/01/1993 (Hollywood Rock Festival)


1. School

2. Drain You

3. Breed

4. Sliver

5. In Bloom

6. About a Girl

7. Dive

8. Come as You Are

9. Molly's Lips (cover THE VASELINES)

10. Lithium

11. New Wave Polly

12. D-7 (cover WIPERS)

13. Smells Like Teen Spirit (com Flea tocando trompete)

14. On a Plain

15. Negative Creep

16. Something in The Way

17. Blew

18. Run to The Hills (jam, cover IRON MAIDEN)

19. Heartbreaker (jam, cover LED ZEPPELIN)

20. We Will Rock You (jam, cover QUEEN)

21. Seasons in The Sun (cover Terry Jacks)

22. Kids in America (jam, cover Kim Wilde)

23. Should I Stay or Should I Go (jam, cover THE CLASH)

24. 867-5309 Jenny (jam, cover Tommy Tutone)

25. Rio (jam, cover DURAN DURAN)

26. Lounge Act (jam instrumental)

27. Territorial Pissings

28. Heart Shaped Box (1ª vez ao vivo, ainda seria lançada no disco "In Utero", 1993)

29. Scentless Apprentice (1ª vez ao vivo, ainda seria lançada no disco "In Utero", 1993)


"Drain You" (2º disco, "Nevermind", 1991)

Setlist - Praça da Apoteose, Rio de Janeiro, 23/01/1993 (Hollywood Rock Festival)


1. School

2. Drain You

3. Breed

4. Sliver

5. In Bloom

6. Come as You Are

7. Love Buzz (cover SHOCKING BLUE)

8. Lithium

9. Polly

10. About a Girl

11. Smells Like Teen Spirit (com Flea tocando trompete)

12. On a Plain

13. Negative Creep

14. Been a Son

15. Blew

16. Heart Shaped Box

17. Scentless Apprentice


Encore Break


18. Sweet Emotion (jam instrumental, cover AEROSMITH)

19. Dive

20. Lounge Act

21. Aneurysm

22. Territorial Pissings


"Come as You Are" (2º disco, "Nevermind", 1991)

Confira a 1ª parte desta matéria:


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