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  • by Brunelson

Alice in Chains: nos bastidores do caótico último show de Layne Staley.

Fonte: Site Alternative Nation

Jornalista: David Bronstein (04/07/2016)

Foto tirada no último show de Layne Staley com a sua banda, ALICE IN CHAINS

Layne Staley

Em 1996, uns dos momentos históricos do rock surgiu como uma pancada no jornal da MTV. Todos nós corremos para comprar os ingressos para o que certamente seria o show mais quente daquele verão. A banda KISS se reuniu com a sua formação original: Paul Stanley, Gene Simmons, Ace Frehley e Peter Criss. Os 02 ex-membros do grupo estavam se juntando a Paul Stanley e Gene Simmons no palco pela 1ª vez desde 1979. Quem se juntou ao KISS para abrir os seus shows da turnê foi o STONE TEMPLE PILOTS, que, uma vez realizada uma turnê vestidos como os membros do KISS em 1993, não foi nenhuma surpresa que os ingressos haviam se esgotados em minutos. No entanto, o vocalista do STONE TEMPLE PILOTS, Scott Weiland, teve que dar entrada em uma clínica de reabilitação, forçando a sua banda a ter que cancelar os shows de abertura do KISS.


Layne Staley

Então, o ALICE IN CHAINS foi chamado, uma banda que também tinha problemas com o seu vocalista enigmático, Layne Staley. O vício em heroína de Staley teve um efeito significativo na carreira do ALICE IN CHAINS, que tiveram que interromper a turnê do álbum “Dirt” (3º disco, 1992) em 1993 e desde então, a banda nunca mais havia feito uma nova turnê. Na verdade, a banda de Seattle havia tocado apenas 02 concertos desde então - e ambos haviam sido em apresentações acústicas. O 1º foi o show solitário para promover o 4º álbum do grupo, “Jar of Flies” (1994), em Los Angeles no mês de Janeiro/1994 - um show de caridade com a banda FISHBONE. A 2ª foi o seu retorno em alto perfil quando eles foram convidados para tocar na prestigiada série MTV Unplugged (1996). Algumas performances seguidas na televisão já estavam acontecendo, mas o ALICE IN CHAINS não tinha feito nenhuma turnê para o seu 5º álbum, “Alice in Chains”, que havia sido lançado em Novembro/1995. Esta decisão chocou a indústria da música, uma vez que esse disco tinha estreado em 1º lugar nas paradas da Billboard. O ALICE IN CHAINS estava pronto para voltar à estrada e para apoiar uma banda que eles haviam crescido ouvindo, comprometendo-se a 04 shows de abertura ao KISS.


O passeio começou em Detroit no Tiger Stadium em 28 de Junho/1996 (foto acima), em frente de 40.000 mil fãs. O ALICE IN CHAINS pode ter tocado apenas como banda de abertura nesta turnê, mas os fãs da banda grunge de Seattle se mantiveram dedicados, pois sabiam que estas apresentações seriam muito significativas no futuro - uma vez que estes eram os shows finais de Layne Staley com a banda.


O concerto final de Layne ocorreu em uma quarta-feira em 03 de Julho/1996, Kansas City, no Kemper Arena, que começa a ser descrito logo abaixo:


"O que me lembro", diz Steve Palmer, técnico de som da casa naquela noite, "é que eles estavam prestes a subir no palco, faltando, tipo, uns 03 minutos ou mais para o show começar e ninguém da equipe de roadies da banda havia colocado os setlists. Normalmente, você tem 05, talvez 10 cópias do setlist que ficam pelo palco..., e não havia nenhum! Lembro-me de ter que pedir para um dos roadies da banda onde estavam os setlists? Claramente, não era o meu trabalho, eu sei disso, mas eu não queria que ninguém estragasse aquela noite. Tenho certeza de que um dos roadies teve que correr pelo corredor e bater na porta do camarim de Jerry Cantrell (guitarrista) para conseguir os setlists. Me lembro de que houve um certo pânico no momento".


As luzes se apagaram e um enorme rugido da plateia cumprimentou a banda. "Jerry subiu ao palco e tipo, olhou para trás com surpresa", diz Palmer. "Ele estava muito feliz! Aquela foi uma plateia do KISS, com certeza, mas os fãs estavam juntos com o ALICE IN CHAINS, além dos seus próprios fãs que também estavam lá. Pelo que eu vi, eles tinham o apoio das pessoas de Kansas City, mesmo ninguém querendo esconder o fato de que eles tinham os seus problemas".


Durante a música de abertura, "Again," o baixista Mike Inez saltava ao redor com as pernas afastadas e com a sua cabeleira ferozmente balançando pra cima e pra baixo. Jerry Cantrell atingiu as suas cordas de guitarra com tudo o que tinha, sabendo que aquele poderia ser o último show do ALICE IN CHAINS – pelo menos, por algum tempo. No início da carreira, o baterista Sean Kinney foi quem se empenhou totalmente em dinamizar a banda, apresentando Layne Staley aos seus colegas de grupo. Agora, no presente, enraizado no local onde ficava o microfone, Layne Staley de vez em quando balançava a cabeça ao som da música. Tanto quanto nós queríamos que fosse, mas não era esse o Layne que todos nós lembrávamos. Palmer continuou: "Isso é a coisa mais triste sobre as drogas e o que ela pode fazer com você. Eu estava trabalhando na profissão, mas eu também era um fã de música e eu tinha o meu emprego dos sonhos. Eu ficava vendo a banda ao lado do palco e eles estavam realmente curtindo aquilo, e, em seguida, eu olhava para Layne e ele estava apenas ali, parado em pé... O cara era profissional, mas pareceu-me que ele não queria estar lá. Lembro-me da turnê do álbum “Dirt” - apenas alguns anos antes - e você não podia acreditar que este era o mesmo cara de antes. Eu acho que o amor dele pela música tinha morrido, sabe? Parecia que você estava testemunhando uma lacuna de 15 anos entre as suas performances da turnê do álbum “Dirt” com agora, mas foi apenas 03 ou 04 anos... Que merda!"


Joe Matthias é um fã fanático do ALICE IN CHAINS e ele tinha viajado de New York para assistir a banda em Kansas City. "Quando você assistir o vídeo no YouTube, você pode me ver. Eu sou o cara que está balançando os punhos ao lado do palco de Jerry Cantrell. Havia algumas pessoas comigo, mas eu nem conhecia elas. Esta era a 1ª vez que eu estava vendo a banda ao vivo, desde a turnê do Lollapalooza Festival (1993). Lembro-me de quando eles foram anunciados na programação do KISS e os ingressos já haviam sido esgotados. Eu tive que pagar U$ 150,00 dólares, mas eu não me importava porque tinha essa sensação de que ‘é agora ou nunca!’ Eu já estava muito chateado por não ter visto Layne Staley com a banda MAD SEASON (1994/1995) e agora eu tinha a minha chance de vê-lo ao vivo novamente".


Matthias disse que foi uma surpresa. "Você sabe..., apenas estar lá assistindo o querido Layne foi muito legal, mas depois de algumas músicas eu percebi que algo não estava bem com ele. Fiquei triste por ele e eu apenas fiquei focado em Jerry, porque eu estava praticamente assistindo ao mesmo Jerry de como era em 1990! Nada tinha mudado com ele, mas Layne, cara..., uau... Tudo tinha mudado com ele".


E, no entanto, nunca podemos ignorar que Layne Staley provou muito em seu desempenho no MTV Unplugged, meses antes.


Agora, no seu último show, ele conseguiu se energizar em diferentes momentos da sua performance, cantando grandes vocais em músicas como "Sludge Factory", "Them Bones", "Rooster" e na música final do show, a clássica "Man in The Box".


"Ele tentou até o fim", diz Palmer, “e para dizer a verdade, este não foi um show terrível. O público agitou um monte, sabe? Era apenas que nós sabíamos o que Layne tinha feito antes e o que ele era capaz de fazer".


Após o show, foi alegado que Staley teve uma overdose quase fatal e teve que permanecer em Kansas City, com os seus companheiros de banda voando de volta para casa em Seattle. A overdose de Staley era apenas mais um lembrete de que, mesmo depois de tocar apenas 04 shows com a banda, eles não conseguiram se ajustar para dar início a uma nova turnê.


O prego foi firmemente pregado no caixão apenas 03 meses mais tarde, quando a namorada de longa data de Staley, Demri Parrott, veio a falecer devido ao uso de drogas. 01 ano depois, Staley vendeu a sua casa que ficava no bairro Queen Anne, Seattle, para se mudar em um complexo de apartamentos da Universidade de Seattle - onde iria passar os seus anos restantes distanciando-se do mundo ao seu redor. E mesmo assim, com Staley vivendo a maioria do seu tempo como recluso, alguns moradores chegaram a vê-lo perambulando pela cidade de vez em quando...


Staley quase se apresentou ao vivo novamente em 1998 (vide foto abaixo), quando Jerry Cantrell estava em Seattle em sua turnê solo para o seu 1º álbum, “Boggy Depot”. Era noite de Halloween e Staley estava nos bastidores como convidado. Cantrell supostamente pediu a Staley para se juntar a ele no palco - o que teria sido um momento histórico -, mas Staley recusou.


Layne Staley

Menos de 04 anos depois, Staley morreu sozinho em seu apartamento e seu corpo não foi encontrado até 02 semanas mais tarde por sua mãe. Palmer concluiu: "O dia em que eu descobri que ele tinha morrido, eu chorei... A última vez que eu tinha chorado pela morte de um cantor, foi a de Jim Morrison (vocalista do THE DOORS)”. Ironicamente, o último show ao vivo de Layne Staley tinha chegado 25 anos depois do dia em que Jim Morrison foi encontrado morto, na banheira de sua casa em Paris. "Ambos foram grandes artistas", diz Palmer. "Por que os melhores artistas sempre morrem muito antes do seu tempo?"


Esta é uma pergunta que os fãs de rock têm e ainda devem continuar a se perguntar de vez em quando...

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