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  • by Brunelson

Alice in Chains: os 20 anos do fim e os 10 anos do recomeço.

O ano de 2016 é de certa forma marcante para o ALICE IN CHAINS - para o bem e para o mal. No dia 03 de Julho/2016, completou-se 20 anos do último show da banda com o seu falecido vocalista, Layne Staley. Por outro lado, em Maio/2016, a nova formação com William Duvall nos vocais chegou a 10 anos de existência.

O ALICE IN CHAINS ainda era relevante em 1996. A banda ainda transitava pelo underground e pelo mainstream com excelência e se mantinha fiel à sonoridade que fazia desde o início da carreira - apesar de ajustes e evoluções comuns a qualquer grande projeto.

No entanto, internamente os problemas já tomavam conta da banda e demonstravam o desgaste emocional entre eles: a saída do baixista Mike Starr em Janeiro/1993 pelo abuso de drogas, as internações em clínicas de reabilitação de Layne Staley e a opção por não fazer turnês para divulgar o 4º álbum da banda, “Jar of Flies” (1994) e o 5º disco, "Alice in Chains" (1995) - além de terem cancelado pela metade a turnê do 3º álbum em 1993, “Dirt” (1992).

Formação Original

Em Abril/1996, a banda voltou a fazer um show depois de 02 anos e meio fora dos palcos. A apresentação foi a que originou o acústico da MTV e impulsionados, o grupo voltou de vez à estrada como banda de abertura da turnê de reunião do KISS.

Não durou muito, pois a última performance com Layne Staley aconteceu em 03 de Julho/1996, em Kansas City/EUA. Pouco depois da apresentação, Staley foi levado a um hospital após sofrer uma overdose de heroína...

Foi o começo do fim.

Os últimos anos de Layne Staley foram muito reservados. O cantor optou pela reclusão após a morte de sua noiva em 1996, Demri Parrott (devido ao uso de drogas). Antes disso, pelas suas letras Staley já pedia ajuda, sendo que as drogas são tema de praticamente metade das composições do álbum "Dirt".

Com a pausa do ALICE IN CHAINS, o guitarrista Jerry Cantrell começou a trabalhar em carreira solo e contou com contribuições do baterista Sean Kinney e do baixista Mike Inez (que havia substituído Mike Starr). Em 1998, no mesmo ano em que o 1º disco solo de Jerry Cantrell era lançado, Layne Staley saiu da sua caverna e convidou os músicos do ALICE IN CHAINS para gravar 02 novas músicas, “Get Born Again” e “Died”, que integraram o box set de coletâneas, "Music Bank" (1999).

2ª formação com o novo baixista

Depois disso, a banda lançou 01 álbum ao vivo - com gravações antigas, é claro - e 02 coletâneas, graças aos empresários e não aos músicos. Jerry Cantrell focou ainda mais em sua carreira solo e Layne Staley se afundou de vez..., ele estava perdendo a batalha contra as drogas.

Staley já se reconhecia como um viciado, mas por estar cada vez mais recluso dificilmente era localizado pelos seus amigos. Quando alguém o encontrava e oferecia ajuda, ele recusava. Boa parte das pessoas de seu círculo, progressivamente restrito, também tinham vício em alguma droga o que só atrapalhou.

Em uma recente entrevista à revista Rolling Stone, Sean Kinney disse que era impossível ter algum tipo de contato com Layne em seus últimos anos de vida. Ele disse: "Mesmo quando você conseguia entrar no condomínio onde ele vivia, ele não abria a porta. Você ligava e ele não atendia. Você não poderia somente chutar a porta e levar ele, apesar de que muitas vezes eu pensei em fazer isso... Mas se alguém não se ajuda, o quê de fato, alguém pode fazer?"

O relato é semelhante aos dos outros integrantes do ALICE IN CHAINS, profissionais que trabalhavam com a banda e colegas do ramo - assim como os membros do PEARL JAM. Somente alguns familiares conseguiam contato com Layne, mas mesmo assim não foi suficiente para salvá-lo de um vício potencializado.

A última entrevista que Layne Staley concedeu tem ares de melancolia. Foi para a escritora Adriana Rubio, 03 meses antes de falecer, que Staley já dizia que sabia que morreria após anos de uso de cocaína, heroína e nos anos finais, crack.

Layne havia dito à escritora: "Essa merda de droga é como insulina que um diabético precisa para sobreviver. Eu não estou usando drogas para ficar chapado, como a maioria pensa. Sei que cometi um grande engano usando essa merda, pois o meu fígado não funciona mais, vomito toda hora e defeco em minhas calças. A dor é maior do que se pode suportar, sabe? É a pior dor do mundo".

Com a aparência deteriorada, pesando apenas 39 kg, gangrenas nos dedos da mão e sem alguns dentes, Layne Staley foi encontrado morto no sofá da sua casa no dia 19 de Abril/2002 - 02 semanas após realmente ter falecido.

Foi o fim de uma era.

O fim de uma era, nesse caso, representou o início de outra. Jerry Cantrell, Mike Inez e Sean Kinney, que haviam tocado juntos em outras oportunidades entre 1996 e 2002, se reuniram em 2005 para um show beneficente com vários vocalistas convidados, entre eles, William Duvall. No ano seguinte, entraram em turnê com William (que era o vocalista/guitarrista do COMES WITH THE FALL).

O ALICE IN CHAINS estava de volta.

Há, evidentemente, quem rechace o retorno do ALICE IN CHAINS até hoje, mesmo 10 anos após o seu retorno. Existe uma discussão sobre continuar ou não com uma banda sem algum membro muito importante – e é uma questão natural de se lidar, é uma situação que sempre irá dividir os fãs.

Mas não dá para criticar as intenções dos envolvidos, especialmente a de William Duvall. Competente vocalista, bom guitarrista e um performer em constante evolução, Duvall aceitou o irrecusável convite para se juntar à banda, assumiu a bronca e teve boa participação no novo ALICE IN CHAINS - agora capitaneado por Jerry Cantrell.

02 álbuns de estúdio já se resultaram desta nova proposta. Lançado em 2009, o ótimo disco "Black Gives Way to Blue" (6º álbum, desde 1995 sem lançar um disco de estúdio) tem um tom de homenagem a Layne Staley e um som muito coeso. O último álbum da banda, "The Devil Put Dinosaurs Here" (7º disco, 2013) é mais arrastado e pesado se comparado ao anterior, com bons momentos também.

Antes de morrer, Layne Staley disse que os demais membros do ALICE IN CHAINS não eram os seus amigos de verdade, pois não se importaram com ele. No entanto, sabe-se que, infelizmente, Staley recusou ajuda. O vício é uma doença como qualquer outra e não existem culpados – pois quem faz o caminho é o viajante.

O fim de uma era não poderia barrar o início de outra. Nos últimos 10 anos, o ALICE IN CHAINS tem ido muito bem, seja pela necessidade em fazer algo novo ou pelo intuito de manter viva a memória de Layne Staley... E esperamos que continue assim.

Formação atual

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